Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. (Mt 5,5)

Gentileza, bondade de espírito, humildade.
Humildade para Deus é aquela disposição de espírito com a qual aceitamos sua forma de lidar conosco como a melhor, sem, no entanto, disputar ou resistir.
No AT, os humildes são aqueles que confiam inteiramente em Deus, mais do que em suas próprias forças, para defendê-los contra toda injustiça. Assim, a atitude humildade para com os ímpios implica em saber que Deus está permitindo as injúrias que infligem, que Ele os está usando para purificar seus eleitos, e que livrará Seus eleitos a Seu tempo. (Is 41.17; Lc 18.1-8)
Bondade ou humildade são opostos à arrogância e egoísmo e originam-se na confiança na bondade de Deus e no Seu controle sobre a situação. A pessoa bondosa não está centrada no seu ego. Isto é obra do Espírito Santo, não da vontade humana. (Gl 5.23)

Bíblia Strong

Há um aplicativo chamado Bíblia Strong que mostra a versão original de praticamente cada palavra da Bíblia, em grego ou hebraico, explicando o sentido deste termo na língua original. Isso ainda não é o suficiente para compreender o que o autor quis dizer com o que escreveu (sob inspiração do Espírito Santo), como neste caso, mas ajuda a compreender um pouco melhor.

A mansidão que permitirá herdar a terra não parece ser a mansidão de quem aceita passivamente todo o mal que lhe acontece, como se fosse assim porque tem que ser assim, mas parece a mansidão de quem está agindo sob a liderança de Deus, que não paga o mal com o mal e nem recorre ao mal para conseguir o bem (pelo contrário, Deus oferece o bem tanto para quem faz o bem quanto para quem faz o mal, e assim como “extrai” o bem das maldades que fazemos, porque é Deus e não se deixa vencer pela maldade, também “extrai” o bem das coisas boas que fazemos e acredito que ele prefira fazer esta “extração” conforme a segunda alternativa).

Esta mansidão, enfim, parece implicar em não “lutar contra o mal” e também em não ficar indiferente a ele. Mesmo a atitude de espera quando não há o que fazer, pressupõe que não há o que fazer para impedir que o mal aconteça, mas que há o que fazer pelo menos no sentido de “demarcar posição” contra este mal enquanto se espera que Deus crie as condições para impedi-lo ou revertê-lo (e aí entra a ideia de esperar o tempo de Deus, que também não é o mesmo que “deixar ao Deus dará”); quanto a lutar contra o mal, quem luta contra contra ele é Deus, e a nós parece caber mais lutar pelo bem. Quando se luta contra o mal, é inevitável que eventualmente seja necessário recorrer a outro mal, mesmo que seja um “mal menor”, e o problema disto é que recorrer ao mal contra o mal apenas vai fortalecê-lo, enquanto que lutar pelo bem significa recorrer apenas ao bem – que é o que Deus faz, afinal de contas – fortalecendo, assim, o bem pelo qual se luta.

Imagem: Micaela Parente on Unsplash