A Bíblia não menciona, mas nada impede de ver que Deus tenha criado o Dia do Trabalho no momento do “faça-se a luz” (Gn 1,3), ao mesmo tempo em que criava tudo o que estava criando. Como o relato da Criação mostra que Deus criou tudo em etapas, depois de ter criado a terra, o céu, etc., Deus também criou o dia da trabalhadora e do trabalhador ao mesmo tempo em que criava o ser humano à sua imagem e semelhança (Gn 1,27).
Junto com o Pecado Original veio a “maldição” do trabalho de parir entre dores e sofrimento, e comer o pão com o suor do próprio rosto. Mesmo que tenha sido Deus que tenha dito a maldição, quem amaldiçoou o trabalho – e tudo o mais – foi a atitude humana de desobediência quando pecou.
Assim como a “maldição” é uma obra nossa, e não de Deus, a exploração do trabalho, que por si mesmo é uma bênção de Deus (o trabalho, e não a exploração), também é obra nossa e não de Deus.
Mas do mesmo jeito que podemos explorar, também podemos combater esta exploração. As lutas por condições dignas de trabalho não precisam, necessariamente, de respaldo religioso para promovê-las, mas mesmo assim elas tem esse respaldo, já que também são lutas para reaproximar o trabalho da bênção de Deus que ele é (e que persiste mesmo sob toda esta exploração).
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