Sobretensão

Há vinte anos atrás eu fiz um curso de eletrotécnica no senai, e nunca dei muita bola para isto. Fui viver outras coisas, fiz filosofia, um monte de faculdades que eu não terminei. Aliás, um monte de vidas que eu ensaiei.

Depois de anos trabalhando sentado atrás de um computador, eu comecei a sentir que não iria mais conseguir viver daquele jeito – não que fosse ruim, mas não era para mim. A sensação que eu tinha era que precisava trabalhar com as mãos. Na verdade eu precisava era lidar com o público, e é isto que eu faço hoje: passo oito horas e meia em pé, atendendo dezenas de pessoas diariamente, e é maravilhoso (tem xingamentos? tem; tem frustrações? tem; tem medo? tem também), mas é maravilhoso mesmo assim.

Só que eu preciso de mais: gosto de atender, e gosto de eletricidade (aparafusar coisas, ligar um treco no outro, testar, calcular, etc.), então decidi (que rolem os dados) retomar a eletricidade na minha vida.

Não sei se vai dar certo: eu preciso descobrir o que mudou de 20 anos prá cá (esses dias eu vi um aparelho com quatro fases: no meu tempo só tinham três fases ou eu é que era mal informado?), e as normas de segurança, os nomes dos aparelhos, as coisas novas que surgiram são itens que eu decidi correr atrás.

Porquê escrever isto? Só para lidar com a ansiedade de um novo plano infalível para a minha vida.