Nada de útil para escrever. … Por isso, vou falar de inutilidades.
Gosto de escrever. É estranho, mas expressar idéias por meio de palavras me atrai incrivelmente. Muitas vezes não tenho idéia alguma sobre o que escrever. Aí escrevo bobagens (como no post com a figua do T). Mas, também, escrevo para colocar para fora. Coisas cujo momento de serem faladas não é este, coisas das quais não tenho ainda certeza, coisas de que preciso me distanciar um pouco para, depois, ver se “funcionam” ou não.
A escrita, apesar do gosto que tenho por ela, é muito limitadora. Escrevendo, muita coisa se perde. Escrevi logo abaixo sobre o meu ano-novo: metade do que eu quis dizer não está exposto ali, e muito do que foi escrito pode ser interpretado de maneira diferente. Tipo, minha relação com… enfim, com X, não mudou, continua igual; eu é que fiquei contente, feliz em ver X, depois de pensar que nunca mais X me procuraria. E me procurou em um momento que pensei que X nunca me procuraria. Foi uma supresa. Logo eu, que vivo dizendo que nada mais me surpreende no mundo… Levei nos dedos, de novo.
Outra limitação da escrita é a delimitação do campo onde se aplica aquilo qe você está dizendo, ou seja, aquilo sobre o que você está falando.
Se eu escrevo sobre filosofia e enfermagem, uma pessoa poderia pensar que eu entendo muito de ambos os assuntos. Mas sobre filosofia tenho um conhecimento fragmentado, incompleto, desencontrado. E sobre enfermagem, todo o meu conhecimento vem de minhas experiências como paciente. Em ambos os casos, muitas coisas vêm da minha reflexão. Digo isso porque pode parecer que penso que a enfermagem deve algo à filosofia, ou que pode-se fazer enfermagem com filsofia. Pelo contrário, acho que a filosofia é que pode ser muito tributária da enfermagem, na medida em que a enfermagem tem com as pessoas uma relação direta e muito pragmática: diferente das outras ciências, a enfermagem parece focar-se em promover o bem-estar não a um inexistente “ser humano em geral”, ou a algum ser humano ideal, e, nem mesmo, sua preocupação é o ser humano. Sua preocupação é com aquela coisa que designamos por pessoa e que, neste momento, precisa de cuidados. A enfermagem é pouco desenvolvida, me parece. Pode ser desinformação minha, mas vejo poucas palestras vindas da enfermagem obre saúde, vejo poucas contribuições da enfermagem para além do atendimento clínico. Embora justamente isso seja um dos aspectos que eu mais gosto na enfermagem, acredito que suas contribuições fazem falta no resto do território da saúde humana. Aí, pode ser, me parece, por mais que já tenha pensado muito sobre isso ainda não pensei o bastante, que a filosofia possa servir para alguma coisa no que diz respeito à saúde. Filosofia serve para alguma coisa, aliás, muitas, e, da minha parte, parto de um princípio que li em Deleuze (meu parco conhecimento do assunto me obriga a partir dos princípios dos outros, mas este tem me servido bem até agora): Filosofia é criação de conceitos, de conceitos utilizáveis de alguma forma pelas pessoas em seu dia a dia, em seu trabalho, nas relações com outras pessoas, com outras coisas, consigo próprias, com o mundo, com o que for. Não se precisa de filosofia para refletir, compreender, criar coisas, etc; a filosofia restringe-se à criação de conceitos (idéias de Deleuze – veja agora a petulância – corroboradas por mim – viu só, que petulante?). E a teoria do conhecimento, a literatura, a física, a biologia (embora ainda tenha muito espaço ainda aí), as ciências em geral, a sociologia, etc, estão muito bem servidas pela filosofia. Mesmo a medicina é muito bem servida, com suas concepções de ser humano, suas generalizações, suas especializações. O que imagino entre filosofia e enfermagem é uma relação de trazer para a filosofia alguma coisa que eu ainda não sei bem o que é, vinda da enfermagem, que permita à filosofia servir à saúde de alguma maneira, “de alguma maneira” que não seja, é claro, a da enfermagem (porque a enfermagem já está aí para isso) nem a da medicina (que, além de já estar aí, também tem muitos aspectos pouco funcionais e até um pouco nocivos, como a maneira de relacionar-se com seus pacientes). Trata-se de fazer a filosofia depender da enfermagem para explorar, no que diz respeito à saúde, aquilo que seja possível à filosofia.
E tem também o que escrevo sobre X. Sobre isso, nem sei o que escrever. Acho que quando estou bem com X, não tenho o que escrever sobre tal letra. Que mediocridade só saber escrever sobre o amor quando se está sofrendo… Mas, por outro lado, já me disseram, e desconfio disso muitas vezes, que nunca amei (porque possuo “frieza” demais, não me desespero, ou, pelo menos, consigo controlar um pouco esse desespero que também é uma das consequências do amor). Talvez minha mediocridade no que diz respeito a escrever sobre o amor venha disso, afinal. Quem nunca amou só pode fazer literatura mediocre sobre o amor.
Se é verdade que nunca amei, não sei o que é isso que me relaciona com X. Amizade? Sim, mas amizade também é amor. E, de qualquer maneira, “Amor” é uma amizade muito especial, que somente X consegue inspirar em mim, que, decerto, está em mim, mas que está em mim direcionado a X.
Sei lá, nada a ver. Falta de assunto esse posti.