Fico assim sem você – Adriana Calcanhoto

Avião sem asa
Fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola
Piu-piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Porque que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim

Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço
Namoro sem amasso
Sou eu assim sem você

Tô louca pra te ver chegar
Tô louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Porque que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo (2x)

Dizem que a mesma mão que acaricia, às vezes, também mata.
Pois, a mesma música que apaixona, às vezes pode ser dolorida.

Suiça

Milhares de mulheres e homens que vivem no território helvético são vítimas de casamentos forçados. A denúncia é da Fundação Surgir, que encomendou o primeiro estudo sobre o assunto na Suíça.

A Surgir lança um apelo ao governo para que elabore uma estratégia nacional a fim ajudar as vítimas que sofrem física e psicologicamente dessa prática ilegal no país.

Ativa na defesa das mulheres vítimas de violências, a Fundação Surgir apresentou os resultados do primeiro estudo do gênero realizado na Suíça. A presidente da ONG, Jacqueline Thibault considera que a extensão do problema é “enorme”.

“O estudo será apresentado às autoridades suíças. Elas que precisam agir”, declarou a swissinfo. “Não há atualmente qualquer estratégia a respeito dos casamentos forçados na Suíça”, acrescentou a presidente da Surgir.

Para ter uma idéia do problema, já que não existem estatísticas, duas pesquisadoras contratadas pela ONG questionaram cerca de cinqüenta instituições como centros para migrantes, casas de acolhimento para mulheres, médicos, escolas e as polícias nos cantões de Vaud, Genebra, Friburgo, Berna, Zurique e Basiléia.

Mais aqui: http://www.swissinfo.org/por/capa/detail/
Casamentos_for_ados_s_o_frequeentes_na_Su_a.html
?siteSect=105&sid=7328567

Gostei da brincadeira de bancar a estação repetidora. Ou isso, ou ficamos com a alternativa B, que diz que eu é que escolho ótimas fontes de notícias (tipo: me senti A Bolacha + gostosa do pacote).

Mas, enfim, mesmo tendo somente uma leitora – imagino que menina ainda dê uma lida de vez em quando – faço de conta que este blog é um outodoor e coloco coisas como se levasse informação a milhares de pessoas. “Eu sou de peixes e não desisto nunca”, o governo foi quem roubou esta frase dos nativos de peixes.

Bom, só existem duas soluções para as colegas Helvéticas (nota rápida: lendo esse Swissinfo, eu descobri que “helvetica” não é somente o nome de uma fonte): ou elas decidem tomar as rédeas de suas vidas e enfrentar os percalços, o preço de romperem com as tradições (coisas que outras mulheres fizeram no passado, e por isso pagaram um preço caro para que tanto mulheres quanto homens de hoje em dia pudessem colher os frutos disso), o que não é fácil e não seria humilhante se não conseguissem (afora a humilhação inerente a sua condição); ou elas aceitam sua condição e aprendem a gostar dela – coisa muito comum ainda hoje em dia, e, mesmo, uma atitude interssexual (já que todas as coisas ou são femininas ou são masculinas e “meu país é o que tenho no meio das minhas pernas” – a frase é minha, podem me citar 😉 não acabou o perêntesis ainda – roupas de mulher, roupas de homem, programas de mulher, programas de homem, mas, sei lá se eu estou reclamando de alguma coisa com nexo, ainda não pensei sobre isso e estou fugindo do assunto tá acabou esse parêntesis). Cansei, era isso. Boa sorte para as suíças que estão nestas condições degradantes.

pê-éssis

P.S. para o posto intitulado “Cidadania”: eu escrevi “[champanhe é o]Nome antigo do espumante – de muito mau gosto, por sinal”. “De muito mau gosto” se refere a espumante, e não a champanhe.
P.S. para o post de baixo: “obituário” perdeu um “i”. Se alguém encontrá-lo, mande para mim, por favor. Agradeço.

Obituáro

É estranho quando acontece alguma coisa que deixa a pessoa – pelo menos quando a pessoa em questão sou eu – na seguinte situação: não sei se fico alegre ou triste. Terceira alternativa: nem um nem outro, porque minha vida não vai mudar em nada.
(Cito Filó) “Mórreu” (fim de citação) o ex-ditador Augusto “Malvado” Pinochet. “Ufa, menos um no mundo”, penso yo, “se bem que tem tantos ditadorezinhos por aí… Mas, pelo menos, podemos descobrir que vaso ruim quebra sim!”. Por outro lado, fica o sentimento de vingança (isso é estranho, ele não fez nada para mim, nem matou sequer um parente meu – diferente do que fez com o povo chileno, onde não existe família que não tenha perdido alguém pelas mãos, pelas ordens ou simplesmente, de maneira geral, pelo regime horrendo deste vovôzinho simpático de olhos azuis – porque eu iria ter sentimentos de vingança??) suspenso: ninguém vai poder atirar na cara dele “Assassino!” com a proteção da lei. Dane-se, claro, a proteção da lei: já atiraram isso na cara dele muitas vezes (eu espero). Mas seria muito bom chamá-lo de assassino legalmente. Sei lá, dá segurança…
Então, fico sem saber se digo Iuuupí! ou Ahhh, tão cedo?
Em todo caso, cito alguém cujo nome não me lembro agora: “Morreu? Antes ele do que eu.”

Vi em uma reportagem que atribui-se a ascenção de Pinochet ao poder à ganância de sua esposa. Ou seja, ele traiu Allende não por ser horrível, mas por ser um homem apaixonado desejoso de agradar a esposa. Isso me lembra outra história… mas não sei bem qual… parece… parece que envolvia algo como um casal nú, uma cobra, uma maçã e uma Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal… Bom, de qualquer maneira, é gosto de pensar que tenha sido assim mesmo: Pinochet era, no fundo, um fraco sem personalidade incapaz de dar um passo sequer com suas próprias pernas, e sua esposa, uma perua (o termo pejorativo, e não o automóvel). Nada contra fracos sem personalidade etc… e nem contra peruas (conheço várias pessoas tanto de um quanto de outro grupo, e algumas delas são muito legais, fazer o quê?). Mas com certeza pessoas como o sr. e a srª. Pinochet odiariam ser vistos assim.

Meu texto, especialmente no final, denota um certo preconceito contra eles? Mas eles merecem TODO o meu preconceito e tudo o que de pior eu tiver para oferecer. Só não ofereço mais porque já é muito conceder-lhes meu preconceito – já que, no fundo, nem isso eles merecem.

São falecimentos assim que, às vezes, fazem com que eu espere que NÃO haja vida após a morte. Arder no mármore do inferno seria um presente muito grande para essa gente.

El Holocausto, según Teherán

El empeño del Gobierno iraní por cuestionar la veracidad del Holocausto cuenta con la complicidad de un nutrido grupo de pensadores europeos. Decenas de revisionistas participarán la semana que viene en Teherán en una conferencia que pretende poner en tela de juicio la muerte de seis millones de judíos a manos del nazismo; la organiza el Ministerio de Exteriores iraní.

Nueve países europeos tienen leyes que condenan la negación de los crímenes nazis

Los promotores de la iniciativa no han querido desvelar la identidad de los participantes, conscientes de que en una decena de países europeos negar el Holocausto es delito. Algunos de los negacionistas consultados por este diario han anunciado, sin embargo, su participación en un evento que consideran crucial para impulsar su causa.

Hasta 67 investigadores de 30 países forman el elenco académico que pretende desmontar “una de las herramientas de propaganda, utilizada con fines políticos para apoyar al pueblo judío en el siglo XX”, según reza la presentación del encuentro, que se celebrará el próximo lunes y martes en Teherán, en la sede del Instituto de Estudios Políticos e Internacionales del Ministerio de Exteriores iraní.

Bajo el título Revisión del Holocausto: una visión global, el encuentro tratará además la conexión entre las consecuencias del régimen nazi y la cuestión palestina. “El Holocausto y la emigración de judíos a Palestina”, o “El Holocausto y el régimen islámico”, son algunos de los temas propuestos para la discusión.

Algunos negacionistas viven desperdigados en países europeos que les han ofrecido asilo político. Otros están en prisión por cuestionar el Holocausto. Forman una red, muy activa a través de Internet, pero rara vez se encuentran. Teherán se presenta como su gran cita, y algunos de ellos correrán el riesgo de volver a prisión con tal de participar en lo que consideran un caso único del ejercicio de la libertad de expresión.

Serge Thion, de 64 años y antiguo investigador del Centro Nacional de Investigación Científica de París, es uno de los invitados de excepción del Gobierno iraní. Condenado en Francia por “poner en cuestión la existencia de crímenes contra la humanidad”, Thion piensa que el presidente iraní, Mahmud Ahmadineyad, “ha hecho soplar vientos de libertad” al poner sobre el tapete el Holocausto. “Parece mentira que los iraníes nos tengan que dar lecciones de libertad de expresión”, dice en conversación telefónica desde Italia, horas antes de partir para Teherán.

Lo mismo piensa Flávio Gonçalves, un joven portugués que el jueves viajó a Irán y que se define como anarcosindicalista revolucionario y que piensa que el Holocausto es “la coartada perfecta para que Israel haga lo que quiera”. “El régimen iraní está siendo un apoyo importante para las corrientes revisionistas y negacionistas de Europa y para dar a conocer a la gente de la calle que hay gente que tiene dudas sobre ese periodo histórico”. Gonçalves es un miembro atípico del movimiento revisionista, dominado por la extrema derecha, pero en la que también caben toda suerte de posiciones extremas.

Menos locuaz se muestra el francés Robert Faurisson, venerado líder del movimiento y autor de numerosos libros sobre el tema. Su ponencia, titulada Las victorias del revisionismo, es una de las que más expectación ha despertado en Teherán, donde se espera su llegada en los próximos días. Faurisson, de 78 años, teme, sin embargo, confirmar su participación. “Este tema es muy delicado. Corremos muchos riesgos si nos declaramos revisionistas. Da igual de qué país vengamos. ¿Ha oído hablar de la euroorden? Podemos ser detenidos en cualquier parte de Europa”, dice en conversación telefónica este antiguo profesor universitario, condenado recientemente a tres meses de prisión y para quien las cámaras de gas fueron simplemente “hornos crematorios donde se llevaban los cadáveres. Era necesario, porque entonces había muchas infecciones”.

Austria, Bélgica, Francia, Alemania, la República Checa, Lituania, Polonia, Eslovaquia y Suiza tienen leyes que condenan la negación del Holocausto. En virtud de estas normas, son muchos los negadores que han acabado entre rejas. El neonazi alemán Ernst Zundel, encarcelado en su país desde hace más de dos años por difundir propaganda nazi e incitar al odio después de ser extraditado desde Canadá, es uno de los reos más célebres y admirados del movimiento.

Junto a él, también en prisión, Horst Mahler, ex fundador de la Baader-Meinhof, la Fracción del Ejército Rojo alemán, y hoy miembro de la extrema derecha. Hace meses que a Mahler, uno de los invitados de excepción de la conferencia de Teherán, las autoridades alemanas le retiraron el pasaporte tras anunciar su intención de participar en el seminario. Después de su encarcelamiento el mes pasado por divulgar propaganda antisemita, su asistencia ha quedado descartada.

En principio, no está prevista la participación de ningún español, aunque sí de Gerd Honsik, miembro de la extrema derecha austriaca afincado cerca de Marbella, del que sus amigos dicen desconocer su actual paradero. En su página web, Honsik tiene colgados vínculos con la Falange de Málaga, con otras páginas negacionistas y con foros germánicos.

La celebración del encuentro académico en Teherán forma parte de la campaña orquestada por el presidente Ahmadineyad para cuestionar el Holocausto. Primero fue el concurso iraní de caricaturas sobre el Holocausto, convocado como reacción a la publicación en un diario danés de unas viñetas de Mahoma. Y ahora, la conferencia. La crisis de las viñetas se ha convertido en la coartada argumental de los negacionistas, que argumentan que la libertad de expresión que Europa predica a la hora de permitir la publicación de caricaturas del profeta debería aplicarse también a los que niegan los crímenes del nazismo.

ANA CARBAJOSA – Bruxelas – 09/12/2006 – El Pais

Um iraniano negar o holocausto é compreensível. Os iranianos não gostam dos israelenses. Têm rixas históricas, como as que existem entre Canadá e EUA ou Brasil e Argentina, por exemplo – se bem que, no caso do Oriente Médio, a briga vai muito além da implicância e das piadinhas de mau gosto. É uma briga entre eles, cultural – não menos abominável – mas em família. Não que o ocidente não deva se intrometer, afinal, ocidente e oriente (mesmo o médio) estamos tutxunthreunido, e olha aí a briga deles respingando aqui na tríplice fronteira.

Mas esta onda revisionista, da parte do ocidente, é má. Chega a ser brilhante a maneira como essas pessoas conseguem atualizar o nazismo, sem colocar um judeu sequer na câmara de gás, sem montar um campinho de concentração, sem nenhum Hitler para coordenar tudo com muito carisma e ressentimento – será? será possível? será possível que se possa cogitar que “Hitler”, não o falecido personagem histórico, mas seu espírito, continue vivo e, ainda por cima, multiplicado em centenas de pessoas diferentes? Centenas de hitlerzinhos, mais pacíficos, não violentos, “gente de bem”, gente que compra no supermercado, respeita a democracia, paga seus impostos, contribui para obras de caridade; será possível que Hitler renasceu mais calmo, diplomático, e mais numeroso? Centenas de Hitleres menos “potentes” do que o modelo, mas, sendo em grande número, quando somados, formando uma entidade pior do que o rapaz nervoso de bigodinho? Agora deu medo.

É notável, também, como pode ocorrer tantas interpretações toscas juntas. Se eu apóio os árabes, terei também que adotar as hipóteses revisionistas, afinal, são úteis à causa? Se eu sou revisionista (agrh!, me desculpem) tenho que ser pró-árabe? Se eu me horrorizo com o holocausto, preciso usar uma estrela de davi no bolso?

Será que eu não posso achar que Israel apenas está aproveitando o apoio que recebe dos EUA, que muito bem poderia ser pró-árabe e deixasse os israelenses na condição de injustiçados, para vencer a briga; e dizer que, embora prefira os árabes, sei que é quase como escolher entre Bush e Saddam, e que, qualquer que seja minha preferência, apoiar o revisionismo é uma maneira muito atual de raspar a cabeça e tatuar uma suástica no corpo?

Não adianta contemporizar com o revisionismo: você tem o direito de dizer que não houve holocausto, e eu tenho o direito de sentir a mais profunda repugnância à sua idéia. Sou uma pessoa manipulada pela mídia? Eu tomo coca-cola, cara! Só não como Macdonalds porque pelo mesmo preço compro dois xis galinha em qualquer boteco por aí! Sou anti-americano? Sou, mas tenho um Blogger, conta no Google, uso Windows e meu processador (quer dizer, do computador) é Intel Inside – e eu nem sei o que quer dizer “Inside”.

O que eu quero dizer é que o revisionismo é um movimento muito esperto: esse mesmo discurso, de manipulação da verdade, de injustiça histórica, é o mesmo que a esquerda (que não existe mais, morreu junto com a direita) utilizava há vinte anos; ao mesmo tempo em que pode perfeitamente ser utilizado contra o revisionismo.

No fim das, revisionismo ou aceitação do holocausto, acaba sendo uma questão de gosto: uns gostam de isentar o nazismo, outros se escandalizam imaginando um judeu – um americano, um europeu, um argentino, um católico, um conservador, um entregador de pizzas, um mendigo, um papa, a Gisele Bünchen, enfim, qualquer pessoa – entrando em uma chuveirada coletiva sem entender porque ainda não ligaram o chuveiro e não consegue mais respirar sentindo que vai morrer sem nenhum motivo.

Quem mandou gozar do Profeta? Quem diria que o equivalente emocional ocdidental seria não Deus, Jesus, Maria ou o FMI, mas sim um massacre?

Momento Deprê

O que seria de um blog sem um momento de depressão, em que se chora as mágoas por todos aqueles problemas universais, mais antigos do que mijar pra frente (como diz uma amiga minha, mas ela dizendo é mais engraçado – e agora não pode ter graça, pq este é um momento deprê), que são fáceis de ser resolvidos apenas com uma mudança de atitude, com um bom banho ou uma boa noite de sono, mas que, mesmo assim, continuam atormentando os seres humanos em seus mais brilhantes momentos de coitadismo e auto-piedade?
O que seria de um blog sem alguns posts de lamentação (afinal, pertencemos a uma sociedade judaico-cristã, e, no que diz respeito à parte judaica, temos que ter um muro das lamentações – uma prezadíssima colega de blogger, muito simpática e com dois blogues muito legais [procure-a nos comentários, é a única pessoa que comentou além de mim e acabou com a minha invisibilidade :)], comentou que gostamos muito de nos comparar com os gregos, e gostamos mesmo, mas esqueçemos de compararmo-nos com a civilização judaica, e, eis aqui, minha contribuição para a diversidade de civilizações com as quais podemos nos comparar)?
Afinal, o que seria um mundo sem problemas? Mesmo que sejam os problemas mais toscos; vejamos: existem pessoas homo ou bissexuais, e existem as homofóbicas (e esqueceram de falar nas pessoas fóbicas do bi); assim, eu, que fiz um blog, acabo precisando participar de uma campanha anti-homofóbica digital e colocar banners piscantes em meu blog, que NÃO seriam necessários se as pessoas homofóbicas não fossem tão influentes no mundo (este foi um problema tosco). Existem os problemas mais requintados: será ético comer animais? E as plantas, então? A única opção que não nos traria qualquer problema ético seria se pudéssemos viver de luz; como precisamos de coisas orgânicas, precisamos comer bichos e alfaces mortas e arcar com os questionamentos éticos – sempre depois do almoço, claro (este foi um problema requintado). E existem os velhos problemas de sempre, as velhas depressõezinhas que atormentaram gerações e gerações (às vezes, rendendo bons poemas) e que, por mais fácil que seja a solução, mesmo assim dificilmente são solucionadas (“dificilmente são solucionadas” tanto quer dizer que muita gente não soluciona quanto quer dizer também que quando são solucionadas, muitas vezes são solucionadas com dificuldade), e são nesses probleminhas, nessas picuinhas emocionais e existenciais sem maiores relevências, sem grandes novidades, sem maior interesse literário, filosófico ou científico, são nesses quase pseudo-problemas que inclui-se este post-deprê.
Se você está em um momento feliz e/ou sensibiliza-se com a depressão alheia a ponto de estragar seus dias ou alguns de seus momentos graças a essa sensibilidade, recomendamos expressamente que procure outro post neste blog, outro blog (neste caso recomendamos o da coleguíssima que comentou aqui – depois eu procuro o endereço para o alento das pessoas preguiçosas que não se darão ao trabalho de vasculhar os comentários para achar), outra atividade na internet (vá ver seus e-maisl, entrar no ókutchi, num chat, baixe um ebook, um programa legalzinho – o Baixaki está aí prá isso mesmo) ou alguma atividade fora da Internet (vá namorar, passear, pescar, ler um livro, ver TV, dançar, ver o sol, qualquer coisa), mas que não leia os tenebrosos escritos que virão a seguir. Não nos responsabilizamos pelo possível deprimente efeito que possam causar.

Agora sim, o muro das lamentações.

A) se você está mal, serão infinitamente pequenas as chances de que apareça alguém para ajudar.
B) se você está mal por causa de uma pessoa devido a sua incapacidade de dizer a ela o que você sente por ela/quais expectativas você possui por ela, serão infinitamente grandes as chances de que seja justamente ela que esteja ao seu lado – e, ainda por cima, que você ache os momentos em que esta pessoa passou ao seu lado, indiferente aos seus sentimentos que de qualquer maneira ela não conhece, momentos maravilhosos e guarde-os no fundo do coração até serem comidos pelas traças.
C) se você está carente, é mais provável que fique ainda mais carente.
D) quando você está confiante em si e não precisa de ninguém à sua volta, as pessoas todas aparecem.
E) quando você olha no espelho e vê algo que apenas por distantres semelhanças se parece com você em seus dias de mais radiante beleza, qualquer desconhecido na rua lhe olhará com mais nojo do que você quando se viu no espelho.
F) quando você olha no espelho e fica pensando “se tu não fosse eu a gente se casava”, as pessoas em volta lhe olharão concordando.
G) quando você se apaixona por alguém, essa pessoa já está G1) apaixonada por outra pessoa, G1.2) e ainda por cima não é correspondida, sofre com isso e você com ela; G2)desiludida com o amor e não quer nada com você, G2.2)desiludida com alguém do mesmo sexo q você e desconta o que passou nas mãos dos outros em você que nem sabia de nada e nem sequer desconfiava do mal que era capaz por causa do formato do que quer que você tem entre as pernas; G3)está com outra pessoa, G3.1) e é uma pessoa monogâmica; G4)simplesmente não quer nada com você. Ainda não me apaixonei por ninguém que tenha morrido dois dias depois de nos conhecermos, mas também era só o que me faltava.
H)Se você é uma pessoa calada ninguém vai estranhar seu silêncio estranho.
I) Ninguém vai perguntar “o que houve?”
J) qualquer manifestação de carência será mal-interpretada
L) somente as pessoas que você não suporta demonstrarão alguma atenção e lhe oferecerão afeto L1)isso somente piorará seus sentimentos de desgraça
M)seu horóscopo estará M1)horrível (“dia péssimo para relacionamentos, melhor nem sair da cama”), M2) incompreensível (“entre em contato com o eu cósmico que fecundou a Terra em seu alvorecer meridional”), M3) sem relação nenhuma com seu momento (“dia propício para investir em imóveis”) ou M4) errado (“hoje você está feliz e disposto, a pessoa amada lhe retribuirá todo seu carinho)
N) você não percberá o quanto suas atitudes e sua disposição estão sendo tolas, infantis, adolescente e imaturas (coisa que você pecebe com facilidade nos outros quando você está bem porque tem dificuldades em olhar para o próprio rabo)

Como o assunto é depressão, e depressão por causa de amores, com pitadas de probemas no trabalho e na faculdade, vamos radicalizar.
Mas radicalizaremos cientificamente, pois além de greco-judaico-cristã, somos uma civilização científica e racional.
Existem três tipos de suicidas:
1)os que se matam
2)os que se mataram
3)os que não se matam.
Na categoria três, na qual eu me incluo, podemos identificar outras subdivisões:
3.1)os que somente querem atenção
3.2)os que acham isso bonito
3.3)os que somente pensam em se matar para aumentar sua auto-comiseração, pensando que ninguém sentiria profundamente sua falta (o que os aproxima do pessoal da categoria 3.1).
Nesta categoria 3.3, novamente a minha, podemos encontrar mais subdivisões (a ciência é foda):
3.3.1)os carentes
3.3.2)os sem auto-estima disfarçados (pois se auto-estimam muito mas querem que os outros digam que também os estimam)
3.3.3)os coitados
Estas três últimas sub-categorias carecem de maior análise, pois são muito semelhantes entre si e parece que me incluo nas três. Embora o faça com algumas reservas, cogito enquadrar-me na categoria 3.3.2, mas, como dissemos, necessitamos de pesquisas e estudos poreriores.
Veja só o quão profunda foi a análise realizada. Conseguimos categorizar o suicida de maneira quase exata, e pudemos me colocar, embora com reservas, em uma categoria específica. É muita exatidão, muita cientificidade no ar.
Necessitamos de categorias muito bem categorizadas listas muito bem organizadas: você somente pode ser uma pessoa gorda ou magra; branca ou preta (quiçá amarela ou pele-vermelha); alta ou baixa; feliz ou infeliz; homo, hetero ou bissexual (ainda podendo ser trangênera ou não, operada ou não, travesti, crossdresser ou transformista; sem esquecer das pessoas panssexuais, sadomasoquistas, passivas ou ativas, uau!); mulher ou homem; criança, adulta, adolescente ou idosa; incrível!!! Você pode combinar diferentes categorias e assim formar sua personalidade; e mais ainda!!!: você terá, enquadrando-se em diferentes categorias (nota rápida: cada categoria terá diferentes opções, como hetero, bi ou homossexual; homem ou mulher; ter TDAH ou não; você não poderá contemplar-se com duas opções da mesma categoria, pois são auto-excludentes, mas pode, como dissemos antes, combinar diferentes categorias), enfim, colocando-se em diferentes categorias, você terá a possibilidade de ser absolutamente!, completamente!, grandiosamente original!, sem precisar se preocupar com nada, bastando seguir o modelo previamente colocado (você sabe o quanto será original tendo que administrar diferentes categorias de si, realizando combinações nunca dantes sonhadas pela vã filosofia). E tem mais ainda (glória, oh! glória à ciência): caso você não se enquadre em categoria alguma, a boa sociedade greco-judaico-racional-científico-cristã terá o prazer de lhe enquadrar em alguma e exigir atitudes coerentes com a categoria na qual lhe colocou! Viva! Palmas a nós, ápice da evolução.

Para piorar sua depressão, você descobrirá que o post mais longo é o mais depressivo. Você somente alcança prolixidade quando sofre.
Em meio a toda insegurança possível, você ainda pensa em um raro elogio que recebeu e se pergunta: será que pelo menos escrevi bem? 😉
Ops, este post é depressivo
;(

Cidadania

Tem uma música do Gonazaguinha:
“Você deve notar que não tem mais tutu, e dizer que não está preocupado. Você deve lutar pela xepa da feira, e dizer que está recompensado. Você deve estampar sempre um ar de alegria e dizer ‘tudo tem melhorado’. Você deve rezar pelo bem do patrão, e esqecer que está desempregado. Você merece, você merece, tudo vai bem, tudo legal: cerveja, samba… E amanhã, seu zé? Se acabarem com teu carnaval??
Você deve aprender a baixar a cabeça, e dizer sempre muito obrigado: são palavras que ainda te deixam dizer, por ser homem bem disciplinado. Deve, pois, só fazer, pelo bem da nação, tudo aquilo que for ordenado, prá ganhar um fuscão no juízo final, e diploma de bem-comportado.
Você merece…”
Enquanto eu assistia “Eu, a patroa e as crianças”, apareceu uma propaganda, que não interessa – e eu nem lembro – qual era. Mas o vendedor anunciava que se você não tem cartão, cheque especial, coisas assim, você não tem crédito – coisa que ele dava mesmo sem ter nada daquelas coisas.
Pois bem, você precisa de conta em banco, certidão de nascimento, carteira d eidentidade, CTPS, certeira do sindicato, conta de e-mail (eventualmente, conta no Orkut), MSN, CPF, carteira estudantil, uma opinião politicamente correta, um relacionamento amoroso estável, um emprego respeitável, presença nas festas de sábado à noite, etc, para que você possa ser cidadão.
Melhor do que o Gonzaguinha, talvez Shakira se aplique melhor no que eu quero dizer:
“Saludar al vecino, acostarse a una ora, trabajar cada dia, esto es vivir la vida. Y contestar solo aquello, y sentir solo esto, y que Diós nos ampare de malos pensamientos. Cumplir todas tareas, assistir al colegio – que diria la familia se eres un fracasado! Ponga siempre sapatos, no haga ruidos na mesa, usa meias de lana, te compuerta en las fiestas. Las mujeres se casan siempre antes de treinta, sino vestiran santos*, y aunque asi no lo quieran. Y en una fiesta de quince es mejor no olvidar una funa champanha** – y bailar bien el valtz.”

Não sei se me fiz entender.

*O mesmo que ficar para titia, segundo me explicou minha irmã que entende tanto de espanhol quanto eu, mas que recebeu esta explicação de uma professora.
**Nome antigo do espumante – de muito mau gosto, por sinal.

Invisibilidade

Talvez seja melhor trocar o subtítulo de “o primeiro blog sem resumé” para “o blog mais comentado da Rede”, em tom irônico, é claro.
Mas… não.
Talvez seja melhor não suscitar comentários. Comentários – ou seja, a opinião alheia – importa e não importa. Mas ser invisível é algo que poucas pessoas conseguem.

copy & paste

Ainda sobre o cansaço: por um lado, copiar e colar um texto que se achou interessante é sinal de cansço; por outro, lê-lo não é; por um terceiro lado (onde está a lei do terceiro excluído agora, sr. Aristóteles de Estagira?) li esse texto há muito tempo em um livro (que consistia somente deste texto).
Somente conheço moedas com múltiplos lados….

Manifesto SCUM

(não são minhas palavras, e com isso tb não digo que não discordo)
Como a vida em nossa sociedade, na melhor das hipóteses, é um tédio
sem fim, e considerando que nenhum aspecto da sociedade tem a menor
relevância para o sexo feminino, só resta às mulheres politizadas,
conscientes, responsáveis, vibrantes, subverter o governo, eliminar
o sistema monetário, instituir a automação completa e destruir o
sexo masculino.
Hoje é tecnicamente possível reproduzir sem a ajuda dos macho (e,
aliás, das fêmeas) e buscar o nascimento de fêmeas, apenas.
Precisamos começar a fazer isso imediatamente. Conservar o sexo
masculino não tem sequer o objetivo incerto da reprodução. O macho é
um acidente biológico: o gene Y (macho) é um X (fêmea) incompleto,
ou seja, tem um conjunto incompleto de cromossomos. Em outras
palavras, o macho é uma fêmea incompleta, um aborto ambulante,
mutilado no estágio de gene. Ser macho é ser deficiente,
emocionalmente limitado. A condição masculina é uma deficiência, e
os machos são inválidos no setor emocional.
O macho é totalmente egocêntrico, enredado em si mesmo, incapaz de
ter empatia ou de se identificar com os outros, inábil para o amor,
a amizade, a afeição ou a ternura. É uma unidade em isolamento
absoluto, que não consegue se relacionar com ninguém. Suas relações
são totalmente viscerais, não cerebrais. Sua inteligência é uma
simples ferramenta a serviço do seu instinto animal, de impulsos e
necessidades. Ele é incapaz de paixão mental, de inteiração mental.
Não se relaciona com nada além de suas próprias relações físicas. É
um semimorto, uma excrescência insensível, incapaz de dar ou receber
prazer ou felicidade. Conseqüentemente, ele é — mesmo dando o
melhor de si— um tédio, uma bolha inofensiva, já que só pode ter
encanto quem é capaz de se concentrar nos outros. Ele está preso
numa zona crepuscular a meio caminho entre os seres humanos e os
macacos e consegue ser bem pior que estes, uma vez que, ao contrário
dos macacos, é capaz de uma série de sentimentos negativos — ódio,
ciúme, desprezo, repugnância, culpa, vergonha, incerteza— e
sobretudo tem consciência do que é e do que não é.
Embora completamente físico, o macho é inepto até para o serviço de
garanhão. Mesmo admitindo a capacidade mecânica que poucos homens
têm, ele é — em primeiro lugar— incapaz de tirar uma pesa de
roupa com tesão, com desejo. Em vez disso, é consumido pela culpa e
pela verginha, pelo medo e pela insegurança: sentimentos que,
enraizados na natureza masculina, até o mais esclarecido dos
treinamentos só consegue minimizar. Em segundo lugar, o sentimento
físico que ele atinge está próximo do nada. E em terceiro, ele não
sente empatia pela parceira, mas fica obcecado pela idéia de como
está se saindo, transformando o ato sexual num desempenho nota 10,
fazendo um bom trabalho de encanador. Chamar um homem de animal é
elogiá-lo. Ele é uma máquina, um pênis artificial ambulante.
Frequentemente ouve-se que os homens usam as mulheres. Usam-nas para
quê? Para o prazer é que não é.
Consumido pela culpa, pela vergonha, por medos, por inseguranças e
obtendo uma sensação física perceptível somente por sorte, o macho
é, contudo, obcecado por sexo. É capaz de atravessar um rio de
catarro ou de andar um quilômetro com vômito até o nariz se
acreditar que no final terá uma vagina amigável à sua espera. Fará
sexo com a mulher que ele despreza, uma bruaca velha e desdentada, e
pagará por isso. Por quê? Alívio de tensão física não é a resposta,
já que isso a masturbação resolve. A satisfação do ego também não
serve como explicação, porque não pode ser proporcionada por
cadáveres fudidos e bebês.
Completamente egocêntrico, incapaz de se relacionar, de ter empatia
ou de se identificar, e com uma sexualidade vasta, penetrante e
difusa, o macho é fisicamente passivo. Por odiar essa passividade,
ele a projeta nas mulheres, defini-se como ativo e então parte para
provar essa condição (“provar que é Homem”). Trepar é o seu
principal artifício para provar que é o ativo na relação (o Grande
Homem com um Grande Pinto tirando a roupa de um Grande Avião). Uma
vez que ele está tentando legitimar um equívoco, precisa “comprová-
lo” interminavelmente. Assim, trepar é uma tentativa desesperada,
compulsiva, de provar que ele não é passivo, que não é mulher. No
entanto, ele é passivo e na verdade quer ser mulher.
Sendo uma fêmea incompleta, o macho passa a vida procurando se
completar, isto é, tornar-se mulher. Faz isso buscando as fêmeas,
confraternizando-se e tentando viver e se fundir com reivindicando
para si todas as características femininas —resistência emocional
e independência, força, dinamismo, decisão, calma, objetividade,
auto-afirmação, coragem, integridade, vitalidade, intensidade,
profundidade de caráter etc. — projetando nas mulheres todos os
traços masculinos — vaidade, frivolidade, trivialidade, fraqueza
etc. Só existe uma área evidente de superioridade masculina sobre a
fêmea: a de relações públicas. (Ele teve sucesso absoluto na tarefa
de convencer milhões de mulheres de que os homens são mulheres e as
mulheres são homens.)

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