Hipóteses

Duas hipóteses sobre a minha vida

Hipótese A): uma vez, há muitos anos, estive a ponto de me matar. Nos últimos momentos, porém, algo foi mais forte do que toda a dor e sofrimento e blá blá blá do momento: a curiosidade. Eu já havia me dado como morto. Desistido de tudo. Não é que eu sentisse desejo de morrer, nem tampouco repugnância pela vida. Simplesmente eu iria descansar. Mas a única coisa que me passava pela cabeça era: e o que vem depois? Não era uma pergunta espiritual: não era sobre a vida depois da morte. Eu tinha curiosidade em saber como seria a minha vida dali por diante – ou como ela poderia ser. E como se resolveriam situações do meu entorno, das pessoas que eu conhecia. Não morri por pura curiosidade. Mas decidi, naquele dia, que eu já havia morrido, e só me manteria vivo se as coisas continuassem minimamente interessantes. A hipótese em si: talvez eu já tenha morrido mesmo, e por isso eu as pessoas com quem eu convivo me causem mais sofrimento do que alegria. Como se eu já tivesse passado da data de validade: ninguém dispensa maiores cuidados com a comida estragada.

Hipótese B): no próximo post: as minhas costas doem demais no momento.

De canto

Eu não espero das pessoas uma heróica lealdade a mim, como se eu fosse um rei. Mas dos meus amigos eu espero confiança. Nos dois sentidos: espero que saibam que podem confiar em mim; mas espero que eu possa confiar neles. E não penso que confiança em coisa pouca seja bobagem. Dizem que você conhece o caráter de uma pessoa superior pela maneira como ela trata as pessoas inferiores. Eu desconfio muito desta distinção entre pessoas inferiores e superiores, mas acredito na distinção entre coisas superiores e inferiores, e assim adapto a sabedoria popular ao meu modo: você mede a confiança que pode ter nas pessoas pela confiança que elas demonstram ter nas coisas pequenas.

Se eu marquei com uma amiga minha de que eu iria ficar esperando ela em casa, me irrita muito o fato de que, para esperá-la, eu tenha deixado de passar na minha avó porque estava esperando-a, me irrita muito o fato de que por estar esperando ela eu tenha ido mais tarde à locadora, me irrita muito o fato de que, por esperá-la, eu tenha deixado de fazer um monte de pequenas coisinhas imaginando que, quando ela chegasse, faríamos juntos ou eu deixaria de fazer, dependendo de quem convencesse quem; me irrita também o fato de que eu deixei de ir comprar coisas gostosas no mercado porque tínhamos combinado de sair, e também o fato de que eu tenha deixado de sair com outras pessoas porque eu já havia combinado com a minha amiga de sair com ela, e, por consequência, me irrita o fato de que não só ela não veio, como não veio porque foi sair com outras pessoas. Também me irrita que eu tenha descoberto isso quando vi ela sentada com os amigos no bar onde eu fui comprar cigarro (teria ido mais cedo se ela tivesse chegado, ou se tivesse avisado de que não viria). Conhecendo-a como eu conheço, ela provavelmente viria falar comigo nos próximos dias, pedindo desculpas por não ter vindo porque saiu com seus amigos. Mas pior para ela que eu a encontrei antes de que ela viesse falar comigo.

Muitas coisas me irritam, e não quero deixar minha irritação passar batida. Mas o pior é a mágoa pela falta de confiança. Pode ser excesso de cuidado da minha parte, mas se eu combino uma coisa com alguém, e percebo que vou me atrasar, ou que não poderei ir, faço o impossível para avisar (depois de ter fracassado fazendo o impossível para cumprir o que prometi). Claro que eu não espero que as pessoas, por sua vez, façam o impossível para cumprir e, caso não o consigam, façam o impossível para me avisar. De maneira alguma. Mas espero que façam um pouco mais do que o mínimo para cumprirem o prometido, e se for possível fazer o mínimo para avisar que não vai dar, considero isso como o cumprimento do que foi prometido. Não espero que as pessoas sejam como eu; não acho que seja pedir demais esse pedido; será que eu estou tão errado assim??? Eu não estou falando de qualquer pessoa: trata-se de amizade. Será que eu devo desconfiar sempre das pessoas? Eu costumo desconfiar somente no começo.

Ás vezes me sinto – sem fazer disso uma tragédia – uma pessoa meio amaldiçoada. Por uma maldição que me condena a sempre me magoar com diferentes pessoas pelo mesmo motivo.

Já me disseram que, quando eu percebo que todas as pessoas estão erradas e eu certo, quem deve estar errado sou eu. Já recuei em muitas coisas com base nesse toque que me deram. Mas nisso eu não posso recuar. Me escantear assim demonstra indiferença. Pode ser que meu erro seja entender isso como indiferença, ou pode ser que seja considerar essa indiferença não declarada como uma onfensa – porque magoa; mas nesse erro eu terei de persistir.

Texto-cabeção sobre cinema-cabeção

Agora, darei uma de cabeção.

Assisti a alguns filmes de Godard, o Jean Luc, de três anos para cá.

O primeiro filme dele que vi foi Os Acossados, depois assisti Alphaville, Je Vous Salute Marie e Tempo de Guerra. Se assisti outros, não lembro ou não sabia que era dele.

Os filmes de Godard me irritam. As coisas acontecem de repente, do nada. Você não consegue encadear os fatos, a impressão é que as sequências dos filmes são aleatórias. É como se fossem pequenos filmes que compartilham os mesmos personagens, atores, cenários e certos antecedentes. Algo diferente desses filmes de agora, como Coisas que você pode dizer só de olhar para ela ou 21 gramas, por exemplo. Nos filmes de Godard, eu nunca sei o que o personagem quer, qual o seu problema, porque ele age assim ou assado. Tenho a impressão de que os atos dos personagens não têm razão alguma de ser. Não me parecem ser filmes que falem de alguma coisa.

Mas a mesma coisa que me irrita nos filmes dele torna-se também encantadora. Não são filmes confortáveis. O filme começa e você não sabe onde está, ele prossegue e você continua sem conseguir localizar-se dentro dele, então você se obriga a criar pontos de referência, sentidos, encadeamentos, razões de ser. Só que não dá para dizer “ah, entendi”, “saquei”. Quando você assiste o Homem-Aranha 2, pode perceber claramente que é a história de um super-herói à la Batman, muito humano, com todos os problemas que qualquer mortal possui, como o risco de ficar sem grana para o aluguel, a dificuldade nos relacionamentos amorosos, esses blá blá blás todos que a maioria das pessoas conhecem bem; e aí você pode entender que é um filme que fala sobre o heroísmo de um homem que mantém-se íntegro apesar de enfrentar as mesmas dificuldades que seus espectadores (só falta aparecer o Gorpo perguntando “o que aprendemos hoje”, como era no He-Man e na She-Ra). Mesmo um filme mais legal, como V de Vingança, tem uma moral da história no fim. Eu não consigo encontrar mensagem nenhuma nos filmes de Godard. A assiciação com o controle social no Alphaville eu só fiz porque achei parecido com O Grande Irmão ou Admirável Mundo Novo. Mas eu quebrei as pernas para poder ter alguma coisa a dizer de Je Vous Salute Marie – até dizem que nesse filme ocorrem duas histórias paralelas, mas eu só vi uma e talvez por isso eu não tenha entendido porque de repente aparecem umas cenas com uns estudantes nada a ver com o resto no meio do filme.
Essa gratuidade dos fatos nos filmes de Godard eu acho encantadora. Porque não são filmes para curtir comendo porcaria (eu mantenho uma sagrada tradição segundo a qual deve-se obrigatoriamente comer alguma porcaria engordante e insalubre quando se assiste um DVD, como chocolate, doce de leite ou qualquer outra coisa que faça mal) – embora eu coma porcarias mesmo nesses filmes. São filmes (sei que a expressão vai soar idiota) “interativos”.

A Globo, tadinha, tenta ser interativa oferecendo dois filmes para que escolhamos um por meio do voto (variação: época de cinema brasileiro só com filmes brasileiros): oh, me sinto fazendo a programação da Globo. Mas isso não é interagir. Não decidimos a sociedade, não decidimos a cultura, não decidimos a programação da Globo, não decidimos o horário em que o Intercine vai passar, não decidimos quais serão as duas opções para amanhã no Intercine – mas decidimos que filme, dentre os dois escolhidos pela Globo queremos ver. Os partidos políticos escolhem pessoas – quase sempre homens – que se candidatarão à presidência, quem se eleger escolherá ministros, presidentes de estatais, chefes de casa civil, destino de recursos – mas nós escolhemos, dentre alguns previamente escolhidos, quem fará as escolhas por nós. Dos 1461 dias que compõem quatro anos, um é reservado para que escolhamos, do rescaldo das escolhas alheias, quem vai escolher por nós coisas fundamentais para nossas vidas por quatro anos – e dizem que somos nós quem construímos o país. Rá! Você é quem decide se vai sair do armário, mas não é você quem decide se seus bens ficarão com a pessoa de quem você gosta (afinal, legalmente vocês não são um casal) – com sorte, você pode contar com a piedade de algum juiz que lhe permita receber a aposentadoria da pessoa com quem você convivia, ou então ficar com o Chicão. Você é quem decide se compra Omo ou Ace, mas não é você quem decide o preço que vai pagar por isso. Quantos exemplos, nooosa.

Já a interatividade dos filmes do Godard é outra coisa. Ou você cria pontos de referência dentro do filme, cria sentidos dentro do filme, ou você não viu filme nenhum, perdeu seu tempo. Uma das coisas muito realistas dos filmes dele, creio eu, é justamente isso: você não tem certeza de que entendeu bem, de que entendeu qualquer coisa, mas você inventa algo ali. E quando eu digo “inventa” não quero dizer “viaja” (mas também pode ser isso). Quero dizer “você também faz alguma coisa”: você junta um monte de coisas descoladas uma da outra, um monte de peças, e monta o que você quiser, o que você for capaz. “É um milagre tudo o que deus criou pensando em você”, mas não é menos fenomenal tudo o que você pode criar vendo algum filme assim. Qualquer filme obriga uma pessoa a pensar. Mas não são todos que lhe obrigam a criar algo. E a vida – longe de formular uma definição, por favor! – é mais ou menos assim: você vai criando relações, valores, sentidos, essas coisas assim, com base em um monte de coisas nada a ver umas com as outras que você vai descobrindo.

Um texto como o de um gay careca

Este é um comentário no estilo irresponsável.

Eu estou cansado de ler textos relativos ao feminismo, à sexualidade, à crítica cultural, etc, todos escritos ao estilo Foucault.
Nada contra – pelo contrário, tudo a favor – da maneira como Foucault escreve. Nem contra os assuntos, que, acho eu, devem ser falados, escritos, lidos, ouvidos, mencionados, levantados.
Mas qualquer coisa que se vá escrever, começa-se mencionando a perspectiva clínica dos idos de mil seiscentos e não sei quanto, os silêncios de tal e tal época, enfim, essas coisas.
Foucault tornou-se um modelo onipresente de assuntos, estilo de escrita e até de metodologia – porque quase todos os textos fazem alguma referência a como as coisas eram no início do período moderno, especialmente nas áreas médicas, psicanalíticas e jurídicas.
Já li textos – muitos, talvez a maioria – onde, à guisa de introdução, aparece o “contexto histórico”. Sempre interessante, quase sempre revoltante (as coisas que a medicina já fez são, às vezes, horríveis), mas eu me pergunto: porquê esse contexto histórico? Já sabemos que, no passado, haviam horrores institucionalizados, e sabemos que hoje existem tantos ou mais horrores institucionalizados ainda. Mas esse fato não implica em que alguém que vá escrever sobre sexualidade, gênero ou qualquer tema polêmico assim precise sempre mencionar o contexto histórico. O que me irrita um pouco é que as pessoas não sabem – pelo menos não parecem saber – porque estão fazendo referências ao contexto histórico, às práticas médicas modernas, a essas coisas todas. A impressão que eu tenho – impressão, que, sim, pode estar errada, mas eu duvido que esteja – é que as pessoas lêem Vigiar e Punir, O Nascimento da Clínica ou a História da Sexualidade, por exemplo, e acham que foi gratuitamente que o cara falou de história, medicina, práticas diversas, leis e todos os outros assuntos. Com certeza, não foi porque era bonitinho e charmoso. Mas, depois de lerem Foucault, enfiam contextos históricos ali por nada, porque Foucault fazia assim, sem saberem porque Foucault ou elas próprias estão preocupadas com o contexto histórico, ou com as práticas médicas.

É um comentário meio irresponsável porque é possível que eu esteja falando mal de textos – de autores – que podem saber muito bem o que estão fazendo, e até é possível que a pessoa esteja tão inserida neste estilo de escrita que não perceba que parece que escreveu aquilo por nada. Também é irresponsável porque é um estilo que “pega fácil”. Eu também, quando vou escrever, a primeira coisa em que penso é em colocar um contextinho histórico básico sem motivos. Mas, quando faço isso, pelo menos eu sei que estou sendo idiota. Não fico pensando “oh, que texto cabeção que eu fiz, quanta intelectualidade”.

Eu não espero que as pessoas mudem seu estilo, nem que não copiem o estilo de Foucault, que é muito bom, pelo menos para mim. Mas só espero que saibam, que entendam o que estão escrevendo.

Derecho al aborto

No puedo sino mirar con cierto pasmo lo que está ocurriendo con el aborto en este país. Todas sabemos que el derecho al aborto no es sólo el más importante de los derechos reproductivos, sino uno de los derechos más importantes para las mujeres. El aborto es la piedra de toque de muchos otros derechos y si éste se pone en cuestión o no es reconocido en absoluto, o sólo medio reconocido, lo que está en juego es el derecho de todas las mujeres a ser dueñas de sí mismas, a sus cuerpos, a ser libres en definitiva. Teníamos una ley con la que se iba funcionando mal que bien y parecía que, en todo caso, tarde o temprano se aprobaría una ley mejor, una ley de plazos. Pero no. El PSOE saca este derecho de su programa electoral y la iglesia y los reaccionarios inician una campaña en contra de la aplicación de la misma con el objetivo de hacerla más restrictiva. Hace unos meses pensaba que esta ley era inamovible y que sólo se podía mejorar, que la derecha nunca se atrevería a tocarla.” (o restante deste artigo está aqui, e foi copiado do portal Mujeres en Red).

O Segundo Sexo

Dia desses fez cem anos que morreu (ou nasceu, sei lá) Simone de Beauvoir. Como meu teclado estava com uma séria deficiência de teclas, eu não escrevi em nada. Essa é a vantagem de se ter um blog sem audiência: eu poderia escrever isso daqui a cem anos que não ia estar atrasado mesmo. Ninguém ia me cobrar nada. Daqui a pouco eu me descuido e penso que sou livre.

Lá pelos meus 14 anos, sei lá porque, eu comecei a ler feito um condenado. Gostava de ler e tal, mas viciei a partir desse período. Vários livros me influenciaram muito de uma maneira ou de outra. Mas dois autores são dignos de menção, porque até hoje fazem quase tanto efeito quanto naquela época: Simone de Beauvoir e Sartre.

Não posso dizer, na verdade, que li Sartre. A biblioteca muinicpal não tinha o livro mais falado e comentado dele, O Ser e o Nada, e na época eu não teria entendido mesmo (anos depois, no começo da faculdade de filosofia, fui ler o tal livro, não entendi nada, e achei pouco interessante). O que sei de Sartre é com base em comentadores e meia dúzia de livros menores que li dele, como A Náusea ou O Muro. Sei que viajei minha adolescência toda na expressão “a existência precede a essência”. Por muitos anos declarei, ao menos para meu consumo interno, a essência como morta. Não existiam essências. Agora, depois de maior (porque não cresci ainda, apesar de tudo), acho que o fato de a existência preceder a essência não significa que, depois da existência, venha a essência, mas não vou explicar essa sutil opinião agora.

Com Simone de Beauvoir a história é outra. Passei metade da minha adolescência maldizendo o fato de ela já ter morrido – delírios adolescentes de ela, velhinha, apaixonar-se por mim apenas pelo fato de eu ser apaixonado por ela, vê se pode!…. Ainda sou apaixonado por ela – ou pelo que restou dela: fotos, textos e fofocas biográficas – mas tenho medo de fantasmas e não quero mais conhecê-la.
A questão é que a influência desta mulher sobre mim chega a ser exagerada. Na primeira vez em que li O Segundo Sexo, eu pude entender aquela história do músico que tocou uma música e, quando ele terminou, a platéia permaneceu no mais absoluto silêncio: ele pensou que tinha sido horrível a música, começou a pedir desculpas e tal, e então todas as pessoas levantaram e começaram a aplaudir frenéticamente – o silêncio era, na verdade, incapacidade de reação diante da admiração das pessoas pelo que ouviram, de tão explêndido e incrível que foi. Na época eu não conhecia essa história, mas foi assim que me senti. Sem reação. Eu me perguntava como que não ensinavam aquele tipo de coisas na escola. Ainda me pergunto, mas eu também não me iludo mais. Depois de relê-lo uma ou duas vezes foi que seus efeitos começaram. Desde o meu comportamento até muito de minhas escolhas na vida são reflexos desse livro. Claro, nem de longe é o único livro que influencia minha vida, e nem os livros são as únicas coisas que me influenciam. Mas certos pontos, poucos e bem específicos de mim são, sim, resultado do que li no Le Deuxieme Sexe (eu me acho mesmo escrevendo em francês…).
Hoje em dia, claro, o livro não me deslumbra mais. Tenho até críticas a fazer sobre um aspecto ou outro no livro. Mas isso não anula em nada os efeitos dela sobre mim: são coisas já consolidadas, ou então que, pelos menos, são coisas em torno das quais giram minhas preocupações, minhas idéias, etc (não exclusivamente, não custa repetir).
Me desgasta muito ouvir as pessoas dizer que ela não era uma filósofa, ou então que O Segundo Sexo não é um livro de filosofia. Com certeza ela não era apenas filósofa, e este livro não é somente de filosofia. Mas o livro é tão filosófico quanto a Crítica da Razão Pura ou Mil Platôs, por exemplo.
Enfim, eu que detesto homenagens, faço desse texto uma homenagem a Simone de Beauvoir – mesmo me desculpando de antemão pela homenagem tão reles e tosca.

Descoberta

Uma descoberta e uma resolução.
A descoberta: eu sou senspivel. Ao extremo, quero dizer. É fácil me machucar. Por algum estranho motivo, certas coisas que comumente machucam a maior parte das pessoas não me machucam, mas coisas aparentemente absurdas e banais têm sobre mim um efeito avassalador (palavra que, até hoje, eu nunca havia escrito). Isso é algo meu. Não significa que eu esteja realmente cercado de trogloditas insensíveis grosseiros em minha vida, significa apenas que o problema sou eu.
A resolução: apesar de o problema ser meu, ele também é em mim. Eu geralmente assumo a posição de errado da história e engulo as patadas alheias por saber que, na verdade, foi um toque de leve que eu senti como uma patada. Então resolvi que vou tratar isso a partir da maneira como eu me sinto. Se eu senti uma patada, mesmo sabendo que foi apenas um golpe de leve, vou reagir segundo o que eu senti, e não segundo a intenção alheia. Simples e, eu espero, eficiente.

Nota nada a ver com o assunto: como é bom ter, novamente, um teclado em que teclas como N, K, B, home, aspas e outras assim funcionam.

Simone de Beauvoir, cem anos de feminismo

PARIS (AFP) — Simone de Beauvoir, ícone feminista, envolvida em todos os embates intelectuais do século XX, completaria 100 anos no dia 9 de janeiro de 2008 – e continua, mais de duas décadas depois de sua morte, um modelo da mulher liberal moderna.

Seu nome tornou-se definitivamente associado ao filósofo francês Jean-Paul Sartre, de cuja vida e militância compartilhou durante meio século. A autora de “O segundo sexo” influenciou várias gerações de mulheres, com idéias de desconstrução de convenções e análises da condição feminina.

Nascida em 9 de janeiro de 1908 em Paris, filha de uma família burguesa decadente, Simone tomou consciência da mediocridade dominante em seu meio já na adolescência. Aluna brilhante, estudou filosofia na Faculdade de Letras de Paris, onde, além de Sartre, entrou em contato com toda uma geração de intelectuais.

A relação que então se estabeleceu entre os dois foi tumultuada e pontuada por “amores contingentes” e outros relacionamentos, como a que Simone manteve com o escritor americano Nelson Algren, que foi sem dúvida a paixão de sua vida. Mas o casal Sartre-Beauvoir durou até a morte e adquiriu uma aura mítica no mundo literário.

Aos 21 anos, Simone de Beauvoir era a mais jovem professora de seu tempo. Lecionou filosofia e publicou seu primeiro romance, “A convidada” (“L’invitée”), em 1943, aos 35 anos.

No campo político, Simone acompanhou Sartre em grande parte de suas idéias, mas o feminismo foi a causa pessoal que abraçou e o terreno de atuação onde mais se destacou.

“O segundo sexo” foi lançado em 1949, quando o termo ‘feminismo’ nem sequer havia sido cunhado. Seus capítulos sobre a sexualidade feminina escandalizaram a sociedade e provocaram enorme polêmica nos círculos literários. Traduzidos para 40 idiomas, os dois tomos da obra tiveram mais de um milhão de exemplares vendidos cada um.

Mas Simone de Beauvoir queria, acima de tudo, ser reconhecida como escritora. Em 1954 foi homenageada com o prêmio Goncourt por “Os mandarins” (“Les mandarins”), tornando-se um dos autores franceses mais lidos do Ocidente. Seus livros autobiográficos, começando por “Memórias de uma moça bem-comportada” (“Mémoires d’une jeune fille rangée”, 1958), no qual descreve a decadência financeira de sua família e seus esforços para escapar dos estigmas do meio burguês, a transformaram em uma figura central na vida intelectual francesa.

A fama foi usada para projetar sua militância política e feminista.

Simone morreu em 14 de abril de 1986. Mais de vinte anos depois, sua obra continua sendo discutida e “sua aura é ainda mais forte no estrangeiro do que na França, principalmente nos Estados Unidos”, em cujas universidades o estudo de suas idéias ocupa lugar de destaque, afirma a ex-ministra francesa do Meio Ambiente, Huguette Bouchardeau, que acaba de publicar uma biografia da escritora (“Simone de Beauvoir”, Editorial Flammarion).

A biografia é um dos muitos livros editados na França por ocasião de seu centenário, entre os quais figuram também “Beauvoir dans tous ses états”, de Ingrid Galster (“Beauvoir em todas as formas”, Ed. Tallandier), “Castor de guerre”, de Danielle Sallenave (“Castor de guerra”, Ed. Gallimard), “Simone de Beauvoir, une femme de son siècle”, de Marianne Stjepanovic-Pauly (“Simone de Beauvoir, uma mulher de seu século”, Ed. Jasmin) e “Simone de Beauvoir. Le goût d’une vie”, de Jean-Luc Moreau (“Simone de Beauvoir. O gosto de uma vida”, Ed. Ecritures).

http://afp.google.com/article/ALeqM5i3LED0DU4Ii89M7ptsiK9b_tsLZw

Believe

I don’t believe in trouble
I don’t believe in pain
I don’t believe there’s nothing left
but running here again

I don’t believe in promise
I don’t believe in chance
I don’t believe you can resist
the things that make no sense

I don’t believe in silence
cos silence seems so slow
I don’t believe in energy
the tension is too low

I don’t believe in panic
I don’t believe in fear
I don’t believe in prophecies
so don’t waste any tears

I don’t believe reality would be
the way it should
But I believe in fantasy
the future’s understood

I don’t believe in history
I don’t believe in truth
I don’t believe that’s destiny
or someone to accuse

I believe, I believe!!!

I don’t believe in trouble
I don’t believe in pain
I don’t believe there’s nothing left
but running here again

I don’t believe in promise
I don’t believe in chance
I don’t believe you can resist
the things that make no sense

I don’t believe in silence
cos silence seems so slow
I don’t believe in energy
the tension is too low

I don’t believe in panic
I don’t believe in fear
I don’t believe in prophecies
so don’t waste any tears

I believe!!!

I want you to try, try
to needing to know why, why
No kidding, no sin, sin
No running, no win, win
I believe!!!

No angels, no girls, girls
No memories, no Gods, Gods
No rockets, no heat, heat
No chocolate, no sweet, sweet
I believe!!!

I want you to try, try
to needing to know why, why
No kidding, no sin, sin
No running, no win, win
No angels, no girls, girls
No memories, no Gods, Gods
No rockets, no heat, heat
No chocolate, no sweet, sweet

No feeling, no secrets…
The silence you feel…
which hides you from
the real…
I want you to try, try
needing to know why, why…

I believe, I believe!!!

Tradução
Eu não acredito em problema
Eu não acredito na dor
Eu não acredito que não resta nada
Além de correr aqui novamente

Eu não acredito na promessa
Eu não acredito no acaso
Eu não acredito que você possa resistir
Às coisas que não fazem nenhum sentido

Eu não acredito no silêncio
Porque o silêncio parece assim lento
Eu não acredito na energia
Se a tensão é muito baixa

Eu não acredito no pânico
Eu não acredito no medo
Eu não acredito em profecias
Então não desperdiço nenhuma lágrima

Eu não acredito que a realidade seria
Da maneira que deveria
Mas eu acredito na fantasia
O entendimento do futuro

Eu não acredito na história
Eu não acredito na verdade
Eu não acredito que é destino
Ou alguém para acusar

Eu acredito! eu acredito!

Eu quero que você tente, tente
Saber por quê, por quê
Sem brincadeira, sem pecado, pecado
Sem correr, sem ganhar, sem ganhar
Eu acredito!

Sem anjos, sem garotas, garotas
Sem memórias, sem deuses, deuses
Sem foguetes, sem calor, calor
Sem chocolate, sem doce, doce
Eu acredito!

Sem sentimento, sem segredos
O silêncio que você sente
O qual te esconde da realidade

Eu adoro Corra Lola Corra, adoro a atriz principal, adoro a voz dela, e adoro essa música.
Mas só coloquei ela aqui porque, com excessão de uma ou outra passagem, ela traduz um pouco de mim no momento.