Trechos mais ou menos aleatórios do livro Mariologia Social

Mãe libertadora

«Se quisermos, agora, examinar o porquê do divórcio entre Maria e sociedade, devemos dizer, para começar, que esse problema não é específico da mariologia.
(…)
Existem, porém, razões especiais que explicam por que a fé em Maria não moveu à prática social. Uma delas é que Maria é vista sobretudo como “mãe”, na medida em que, na atual cultura patriarcal, e mais ainda na América Latina, a mãe é uma figura sobretudo doméstica, e não pública. Não se trata agora de substituir a imagem da mãe pela de libertadora, mas de rever e ampliar aquela imagem até incorporar o significado da última.»
(pgs. 27-28)

O hino da Mãe de Deus é o hino dos libertos

«O Magníficat se dá no quadro da chamada Visitação [de Maria a Isabel], isto é, de um encontro apresentando os seguintes traços relevantes:

é um encontro de duas mulheres, no qual os homens, embora presentes, ficam como que na sombra, fato este que contrasta com o quadro de subordinação da mulher na sociedade palestinense, em que era tida como “menor”, condição esta simbolizada pelo porte do véu (cf. 1Cor 11,20);

em seguida, aqui estão presentes duas mulheres pobres, ambas desprezadas, uma porque estéril e outra porque moça insignificante do interior;

enfim, temos aqui duas mulheres grávidas, mulheres “benditas” por serem portadoras da vida

(…)

Tal é o contexto imediato em que Maria canta o Magnificat, o “hino dos libertos” por antonomásia – os libertos que são, em primeiro lugar, a própria Virgem, depois, os humildes e famintos e, enfim, o povo de Israel.»

(C. Boff. Mariologia Social, pgs. 324-325)

A liberdade integral

«Certamente, estas três camadas [do Magníficat: aquilo que Maria disse, a formatação dada pela tradição oral e os retoques de Lucas] se recobrem parcialmente. Com efeito, na redação atual, o sentido conotado, se não o denotado, é indiscutivelmente pós-pascal (…) Essa interface de sentido tem um importante valor hermenêutico, pois dá sustentação teórica à hermenêutica cristã da “libertação social”, enquanto esta permanece organicamente ligada à “libertação soteriológica”, quer como abertura a esta, quer como derivada dela.» (C. Boff. Mariologia Social, pgs. 326-327)

As “predecessoras” de Maria

«… pode-se ver no Magníficat uma aproximação de Maria com Judite. De fato, a bênção de Isabel sobre Maria: “Bendita és tu entre as mulheres” parece repercutir intencionalmente a do chefe do povo, Ozias, em relação a Judite: “Bendita és tu, filha, diante do Deus altíssimo, mais que todas as mulheres que viivem sobre a terra” (Jt 13,18). Em seguida, o mesmo Ozias acrescenta: “A coragem que tiveste não deixará o coração dos homens, que se lembrarão sempre da potência de Deus” (Jt 13,19). Ora, isso mesmo ressoa na proclamação de Maria: “Doravante as gerações me chamarão bendita… Grandes coisas fez por mim o Poderoso” (Lc 1,48b-49a). Mas é também Jael, outra libertadora astuciosa como Judite, que foi declarada “bendita entre as mulheres” (Jz 5,24)
(…)
Além de Judite e Jael, Maria pode ser aproximada ainda de outra libertadora do povo: Ester.
(…)
A tripla aproximação de Maria com Judite, Jael e Ester reveste um significado social nada desprezível, pois coloca Maria na fileira das grandes libertadoras de Israel. Mais ainda, ela emerge aí como a Libertadora suprema, aquela que esmagou a cabeça da serpente ou, dizendo melhor, a mãe d’Aquele que iria vencer para sempre o Dragão (Ap 12,1-5).» (C. Boff. Mariologia Social, pgs. 346-347)

Mariologia Social (Clodovis Boff)

Do dia o núncio alado

Do dia o núncio alado
já canta a luz nascida.
O Cristo nos desperta,
chamando-nos à vida.

Ó fracos, ele exclama,
do sono estai despertos
e, castos, justos, sóbrios,
velai: estou já perto!

E quando a luz da aurora
enche o céu de cor,
confirme na esperança
quem é trabalhador.

Chamemos por Jesus
com prantos e orações.
A súplica não deixe
dormir os corações.

Tirai o sono, ó Cristo,
rompei da noite os laços,
da culpa libertai-nos,
guiai os nossos passos.

A vós a glória, ó Cristo,
louvor ao Pai também,
com vosso Santo Espírito,
agora e sempre. Amém.

Hino do Ofício das Leituras na quinta-feira.

Sobre o provalecimento do “acordo”

“O simples acordo entre empregado e empregador acerca do montante da remuneração não basta para qualificar como « justa » a remuneração concordada, porque ela « não deve ser inferior ao sustento » do trabalhador: a justiça natural é anterior e superior à liberdade do contrato.”

Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 302

Leigos na política

«Não compete aos Pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Tal tarefa faz parte da vocação dos leigos, agindo por sua própria iniciativa, juntamente com seus concidadãos. Eles devem realizá-la, conscientes de que a finalidade da Igreja é difundir o Reino de Cristo para que todos os homens sejam salvos e que, por eles, o mundo seja efetivamente ordenado a Cristo.

A obra da salvação aparece, pois, indissoluvelmente unida à missão de melhorar e elevar as condições da vida humana neste mundo.

A distinção entre ordem sobrenatural da salvação e ordem temporal da vida humana deve ser vista ao interno de um único desígnio de Deus, o de recapitular todas as coisas em Cristo. É por isso que, em um e outro campo, o leigo, ao mesmo tempo fiel e cidadão, deve deixar-se guiar constantemente pela consciência cristã.

A ação social, que pode comportar uma pluralidade de caminhos concretos, terá sempre em vista o bem comum e será conforme à mensagem e ao ensinamento da Igreja. Evitar-se-á que a diferença de opiniões prejudique o sentido da colaboração, conduza à paralisia dos esforços ou produza desorientação no povo cristão.»

A orientação dada pela doutrina social da Igreja deve estimular a aquisição das competências técnicas e científicas indispensáveis. Ela estimulará também a busca da formação moral do caráter e o aprofundamento da vida espiritual. Fornecendo princípios e conselhos de sabedoria, essa doutrina não dispensa a educação para a prudência política, indispensável para o governo e gestão das realidades humanas.»

(Libertatis conscientia, 80)

Salmo 56(57)

“Este salmo canta a Paixão do Senhor” (Sto. Agostinho).

2 Piedade, Senhor, piedade,
pois em vós se abriga a minh’alma!
De vossas asas, à sombra, me achego,
até que passe a tormenta, Senhor!

3 Lanço um grito ao Senhor Deus Altíssimo,
a este Deus que me dá todo o bem.
4 Que me envie do céu sua ajuda
e confunda os meus opressores!
Deus me envie sua graça e verdade!

5 Eu me encontro em meio a leões,
que, famintos, devoram os homens;
os seus dentes são lanças e flechas,
suas línguas, espadas cortantes.

6 Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus,
vossa glória refulja na terra!

7 Prepararam um laço a meus pés,
e assim oprimiram minh’alma;
uma cova me abriram à frente,
mas na mesma acabaram caindo.

8 Meu coração está pronto, meu Deus,
está pronto o meu coração!
9 Vou cantar e tocar para vós:
desperta, minh’alma, desperta!
Despertem a harpa e a lira,
eu irei acordar a aurora!

10 Vou louvar-vos, Senhor, entre os povos,
dar-vos graças, por entre as nações!
11 Vosso amor é mais alto que os céus,
mais que as nuvens a vossa verdade!
12 Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus,
vossa glória refulja na terra!

Verdade e paz social

“A paz social se alcança pela verdade; na verdade, essa paz só será possivel pela prática da justiça. Jamais podemos excluir a verdade do terreno social e político. O cristão deve sempre lutar pelo bem comum, fazendo com que a verdade prevaleça em todos os aspectos da vida. Numa sociedade democrática em que se respeitam os direitos fundamentais do ser humano, todos devem obrigar-se à verdade; sem ela, não são possíveis a ordem social e a prática do bem comum.”

(O Evangelho Social, manual básico de doutrina social da igreja, p. 41)

Homilia do papa em 16 de junho de 2013

A primeira leitura, tirada do Segundo Livro de Samuel, fala-nos de vida e de morte. O rei David quer esconder o adultério cometido com a esposa de Urias, o hitita, um soldado do seu exército, e, para o conseguir, manda colocar Urias na linha da frente para ser morto em batalha. A Bíblia mostra-nos o drama humano em toda a sua realidade, o bem e o mal, as paixões, o pecado e as suas consequências.

Quando o homem quer afirmar-se a si mesmo, fechando-se no seu egoísmo e colocando-se no lugar de Deus, acaba por semear a morte. Exemplo disto mesmo é o adultério do rei David. E o egoísmo leva à mentira, pela qual se procura enganar a si mesmo e ao próximo. Mas, a Deus, não se pode enganar, e ouvimos as palavras que o profeta disse a David: Tu praticaste o mal aos olhos do Senhor (cf. 2 Sam 12, 9). O rei vê-se confrontado com as suas obras de morte – na verdade o que ele fez é uma obra de morte, não de vida! –, compreende e pede perdão: «Pequei contra o Senhor» (v. 13); e Deus misericordioso, que quer a vida e sempre nos perdoa, perdoa-lhe, devolve-lhe a vida; diz-lhe o profeta: «O Senhor perdoou o teu pecado. Não morrerás».

Que imagem temos de Deus? Quem sabe se nos aparece como um juiz severo, como alguém que limita a nossa liberdade de viver?! Mas toda a Escritura nos lembra que Deus é o Vivente, aquele que dá a vida e indica o caminho da vida plena.

Penso no início do Livro do Génesis: Deus plasma o homem com o pó da terra, insufla nas suas narinas um sopro de vida e o homem torna-se um ser vivente (cf. 2, 7). Deus é a fonte da vida; é devido ao seu sopro que o homem tem vida, e é o seu sopro que sustenta o caminho da nossa existência terrena. Penso também na vocação de Moisés, quando o Senhor Se apresenta como o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, como o Deus dos viventes; e, quando enviou Moisés ao Faraó para libertar o seu povo, revela o seu nome: «Eu sou aquele que sou», o Deus que Se torna presente na história, que liberta da escravidão, da morte e traz vida ao povo, porque é o Vivente.

Penso também no dom dos Dez Mandamentos: uma estrada que Deus nos indica para uma vida verdadeiramente livre, para uma vida plena; não são um hino ao «não» – não deves fazer isto, não deves fazer aquilo, não deves fazer aqueloutro… Não! – São um hino ao «sim» dito a Deus, ao Amor, à vida. Queridos amigos, a nossa vida só é plena em Deus, porque só Ele é o Vivente!

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Poder

A mais recente descentralização administrativa do Papa Francisco, que dispensou a aprovação de Roma à intervenção de bispos e conferências episcopais na gestão dos seminários, na formação sacerdotal e na elaboração do catecismo, e substituiu-a por uma simples confirmação, demonstra o alinhamento do papa com a opção pelos pobres, na medida em que este alargamento da descentralização diminui o seu próprio poder sobre estes aspectos – uma diminuição já realizada também em outros aspectos anteriormente.

Este movimento dirige a Igreja ao mesmo rumo de Cristo, que “não se apegou à condição de ser igual em natureza a Deus Pai ao esvaziar-se de sua glória e tornar-se semelhante ao ser humano” (cf. fl 2,6-11), embora não signifique, obviamente, um caminho de renúncia ao poder, como se o Vaticano estivesse a caminho de se tornar uma espécie de ordem mendicante (apesar de ter um esmoleiro).

O problema com o poder não é possuí-lo, e nem mesmo buscá-lo ou mantê-lo, mas apegar-se a ele a ponto de fazer estas coisas às custas de outras coisas mais importantes do que ele, seja esta importância circunstancial ou absoluta. Como no caso do dinheiro, do sexo ou (um item que pode parecer estranho na lista) do chocolate, o problema do poder é para o que ele serve, e às custas do que se mantém ou se obtém.

Seria ingênuo, e talvez até perigoso, sugerir que a Igreja, e também que às pessoas em particular simplesmente renunciem ao poder, não o busquem, rejeitem-no ou deixem-no de lado, porque se é verdade que no fim das contas ele pertence apenas a Deus, também é verdade que quase tudo o que pertence a Deus ele nos encarregou de administrar – e distanciar-se dele é agir como o personagem da parábola (cuja localização no Evangelho eu não tenho tempo de ir atrás agora) que enterrou a tal moeda que o rei lhe deu para cuidar e foi castigado por sua omissão. Até mesmo Cristo, ao aniquilar-se a ponto de deixar-se levar até a humilhação na Cruz, apenas absteve-se de usar o poder para livrar-se da humilhação, pois mesmo pregado na cruz não deixou de exercê-lo para admitir o “bom ladrão” nos céus.

A opção pelos pobres que o papa abraça ao imitar Cristo na descentralização de seus próprios poderes não significa fazer da injustiça contra os pobres a manifestação da vontade divina, e a renúncia que Cristo pede também não é abandonar-se ao acaso e deixar Deus na obrigação de resolver aquilo que ele dá condições de normalmente ser resolvido pela própria pessoa. Mas significa saber usar e saber se abster do poder que se tem, seja ele pouco ou muito, tendo em vista que ele pertence a Deus que espera que o poder seja um serviço aos outros, e não uma ferramenta de dominação.

Imagem original: Alexis Fauvet on Unsplash

Homilia do papa em 14 de abril de 2013

(…)
Mas, façamos mais um passo: o anúncio de Pedro e dos Apóstolos não é feito apenas com palavras, mas a fidelidade a Cristo toca a sua vida, que se modifica, recebe uma nova direcção, e é precisamente com a sua vida que dão testemunho da fé e anunciam Cristo. No Evangelho, Jesus pede por três vezes a Pedro que apascente o seu rebanho, e o faça com todo o seu amor, profetizando-lhe: «Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levará para onde não queres» (Jo 21, 18). Trata-se de uma palavra dirigida primariamente a nós, Pastores: não se pode apascentar o rebanho de Deus, se não se aceita ser conduzido pela vontade de Deus mesmo para onde não queremos, se não estamos prontos a testemunhar Cristo com o dom de nós mesmos, sem reservas nem cálculos, por vezes à custa da nossa própria vida. Mas isto vale para todos: tem-se de anunciar e testemunhar o Evangelho. Cada um deveria interrogar-se: Como testemunho Cristo com a minha fé? Tenho a coragem de Pedro e dos outros Apóstolos para pensar, decidir e viver como cristão, obedecendo a Deus? É certo que o testemunho da fé se reveste de muitas formas, como sucede num grande afresco que apresenta uma grande variedade de cores e tonalidades; todas, porém, são importantes, mesmo aquelas que não sobressaem. No grande desígnio de Deus, cada detalhe é importante, incluindo o teu, o meu pequeno e humilde testemunho, mesmo o testemunho oculto de quem vive a sua fé, com simplicidade, nas suas relações diárias de família, de trabalho, de amizade. Existem os santos de todos os dias, os santos «escondidos», uma espécie de «classe média da santidade» – como dizia um escritor francês –, aquela «classe média da santidade» da qual todos podemos fazer parte. Mas há também, em diversas partes do mundo, quem sofra – como Pedro e os Apóstolos – por causa do Evangelho; há quem dê a própria vida para permanecer fiel a Cristo, com um testemunho que lhe custa o preço do sangue. Recordemo-lo bem todos nós: não se pode anunciar o Evangelho de Jesus sem o testemunho concreto da vida. Quem nos ouve e vê, deve poder ler nas nossas acções aquilo que ouve da nossa boca, e dar glória a Deus! Isto traz-me à mente um conselho que São Francisco de Assis dava aos seus irmãos: Pregai o Evangelho; caso seja necessário, mesmo com as palavras. Pregar com a vida: o testemunho. A incoerência dos fiéis e dos Pastores entre aquilo que dizem e o que fazem, entre a palavra e a maneira de viver mina a credibilidade da Igreja.

Mas tudo isto só é possível, se reconhecermos Jesus Cristo; pois foi Ele que nos chamou, nos convidou a seguir o seu caminho, nos escolheu. Só é possível anunciar e dar testemunho, se estivermos unidos a Ele, precisamente como, no texto do Evangelho de hoje, estão ao redor de Jesus ressuscitado Pedro, João e os outros discípulos; vivem uma intimidade diária com Ele, pelo que sabem bem quem é, conhecem-No. O Evangelista sublinha que «nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: “Quem és tu?”, porque bem sabiam que era o Senhor» (Jo 21, 12). Está aqui um dado importante para nós: temos de viver num relacionamento intenso com Jesus, numa intimidade tal, feita de diálogo e de vida, que O reconheçamos como «o Senhor». Adorá-Lo! A passagem que ouvimos do Apocalipse, fala-nos da adoração: as miríades de anjos, todas as criaturas, os seres vivos, os anciãos prostram-se em adoração diante do trono de Deus e do Cordeiro imolado, que é Cristo e para quem é dirigido o louvor, a honra e a glória (cf. Ap 5, 11-14). Gostaria que todos se interrogassem: Tu, eu, adoramos o Senhor? Vamos ter com Deus só para pedir, para agradecer, ou vamos até Ele também para O adorar? Mas então que significa adorar a Deus? Significa aprender a estar com Ele, demorar-se em diálogo com Ele, sentindo a sua presença como a mais verdadeira, a melhor, a mais importante de todas. Cada um de nós possui na própria vida, de forma mais ou menos consciente, uma ordem bem definida das coisas que são consideradas mais ou menos importantes. Adorar o Senhor quer dizer dar-Lhe o lugar que Ele deve ter; adorar o Senhor significa afirmar, crer – e não apenas por palavras – que Ele é o único que guia verdadeiramente a nossa vida; adorar o Senhor quer dizer que vivemos na sua presença convencidos de que é o único Deus, o Deus da nossa vida, o Deus da nossa história.

Daqui deriva uma consequência para a nossa vida: despojar-nos dos numerosos ídolos, pequenos ou grandes, que temos e nos quais nos refugiamos, nos quais buscamos e muitas vezes depomos a nossa segurança. São ídolos que frequentemente conservamos bem escondidos; podem ser a ambição, o carreirismo, o gosto do sucesso, o sobressair, a tendência a prevalecer sobre os outros, a pretensão de ser os únicos senhores da nossa vida, qualquer pecado ao qual estamos presos, e muitos outros. Há uma pergunta que eu queria que ressoasse, esta tarde, no coração de cada um de nós e que lhe respondêssemos com sinceridade: Já pensei qual possa ser o ídolo escondido na minha vida que me impede de adorar o Senhor? Adorar é despojarmo-nos dos nossos ídolos, mesmo os mais escondidos, e escolher o Senhor como centro, como via mestra da nossa vida.

Amados irmãos e irmãs, todos os dias o Senhor nos chama a segui-Lo corajosa e fielmente; fez-nos o grande dom de nos escolher como seus discípulos; convida-nos a anunciá-Lo jubilosamente como o Ressuscitado, mas pede-nos para o fazermos, no dia a dia, com a palavra e o testemunho da nossa vida. O Senhor é o único, o único Deus da nossa vida e convida-nos a despojar-nos dos numerosos ídolos e a adorar só a Ele. Anunciar, testemunhar, adorar. Que a bem-aventurada Virgem Maria e o apóstolo Paulo nos ajudem neste caminho e intercedam por nós. Assim seja.

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Brevíssimo histórico das relações entre Ucrânia e OTAN

Em 1992 a Ucrânia passou a integrar o então Conselho de Cooperação do Atlântico Norte, posteriormente rebatizado de Conselho de Associação Euroatlântico, e posteriormente, também tornou-se integrante da Associação para a Paz, um programa da OTAN para estreitar laços com Estados europeus e os remanescentes da antiga URSS.

Os laços entre Ucrânia e OTAN foram se estreitando cada vez mais até que em 2002 surgiram gravações revelando uma possível transferência de armamento bélico da Ucrânia para o Iraque, um ano antes da ocupação do Iraque para derrubar o então presidente Saddam Hussein. A reafirmação do desejo da Ucrânia de integrar a OTAN não foi suficiente para manter o ânimo da integração entre o país e a organização internacional.

Desde então as relações permaneceram amistosas, e incluíram a cooperação em diversas atividades, porém o movimento de integração da Ucrânia ficou estacionado até 2014, quando o governo ucraniano pediu ao parlamento que reativasse o processo de adesão à OTAN em meio aos conflitos que levaram à anexação da Criméia à Rússia. Isto resultou na alteração dos objetivos da política externa ucraniana, que a partir de 2019 passou a incluir a adesão à OTAN e à União Europeia oficialmente na constituição do país.

As pesquisas de opinião demonstram uma opinião pública dividida, porém ainda majoritariamente favorável à adesão da Ucrânia tanto à OTAN quanto à União Europeia, um posicionamento com muita força na região ocidental do país que se inverte na porção oriental, onde o posicionamento favorável à Rússia é predominante.

Fontes: Wikipedia, The Conversation e Deutsche Welle. (Imagem: Wikimedia)

Bloqueio de estradas no Chile resiste a planos de militarização

Os planos de militarizar as regiões fronteiriças ao norte no Chile foram insuficientes para encerrar os bloqueios dos caminhoneiros nas estradas da região iniciados depois da morte de um deles na última quinta-feira (10) em um crime atribuído a imigrantes venezuelanos.

Até ontem (13) as estradas continuavam bloqueadas mesmo diante da iminência do estado de exceção que deverá entrar em vigor hoje e envolve a cooperação militar com a polícia para garantir a segurança e conter a violência, tanto contra estrangeiros como contra chilenos, causada pela crise que vem aumentando nos últimos dois anos, apesar da atuação de organismos como Cáritas e ACNUR.

Os bloqueios das estradas foram apenas mais uma das consequências desta crise forjada com a ajuda de políticas xenófobas promovidas ao longo do governo de Sebastián Piñera que, no entanto, tenta aprovar até 11 de março, fim de seu mandato, uma regulamentação menos hostil da nova lei de imigração que está em vigor desde abril do ano passado.

Fontes: Estado de Minas, EFE, UOL, Deutsche Welle, Observador, Pauta e Arzobispado de Santiago. (Imagem: Arzobispado de Santiago)

A busca da sabedoria

Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo de diversis 15: PL 183,577-579)
(Séc. XII)

Trabalhemos pelo alimento que não se perde. Trabalhemos na obra de nossa salvação. Trabalhemos na vinha do Senhor, para merecermos receber o salário de cada dia. Trabalhemos na sabedoria, pois esta diz: Quem trabalha em mim, não pecará. O campo é o mundo, diz a Verdade. Cavemos nele, pois aí está um tesouro escondido. Vamos desenterrá-lo! É assim a sabedoria, que se extrai de coisas ocultas. Todos nós a buscamos, todos nós a desejamos.

Foi dito: se quereis procurá-la, procurai. Convertei-vos e vinde! Queres saber do que te converter? Afasta-te de tuas vontades. Mas se não encontro em minhas vontades, onde então encontrarei a sabedoria? Minha alma deseja-a ardentemente; se vier a encontrá-la, isto não me basta. Cumpre pôr em meu seio uma medida boa, apertada, sacudida e transbordante. Tens razão. Feliz é o homem que encontra a sabedoria e que está cheio de prudência. Procura-a, pois, enquanto podes encontrá-la; e enquanto está perto, chama-a!
Queres saber como está perto a sabedoria? Perto está a palavra, no teu coração e na tua boca; mas somente se a procurares de coração reto. No coração encontrarás a sabedoria, e a prudência fluirá de teus lábios. Cuida, porém, de tê-la em abundância e que não te escape como num vômito.

Na verdade, se encontraste a sabedoria, encontraste mel. Não comas demasiado, para que, saciado, não o vomites. Come de modo a sempre teres fome. A própria sabedoria o diz: Aqueles que me comem, ainda têm fome. Não julgues já teres muito. Não te sacies para que não vomites e te seja retirado aquilo que pareces possuir, por teres desistido de procurar antes do tempo. Pelo fato de a sabedoria poder ser encontrada enquanto está perto, não se deve deixar de buscá-la e invocá-la. De outro modo, como disse ainda Salomão: assim como não faz bem a alguém tomar o mel em demasia, assim quem perscruta a majestade, sente-se oprimido pela glória.

Feliz o homem que encontra a sabedoria. Feliz, ou, antes, muito mais feliz quem mora na sabedoria. Talvez Salomão queira aqui significar a superabundância. São três as razões de fluírem em tua boca a sabedoria e a prudência: se houver nos lábios primeiro a confissão da própria iniquidade; segundo a ação de graças e o canto de louvor; terceiro a palavra de edificação. Na verdade pelo coração se crê para a justiça, pela boca se confessa para a salvação. De fato, começando a falar, o justo se acusa. Depois, engrandece ao Senhor. Em terceiro, se até este ponto transborda a sabedoria, deve edificar o próximo.

Oração da manhã

Hino das Laudes na Liturgia das Horas

Eis que da noite já foge a sombra
e a luz da aurora refulge, ardente.
Nós, reunidos, a Deus oremos
e invoquemos o Onipotente.

Deus, compassivo, nos salve a todos
e nos afaste de todo o mal.
O Pai bondoso, por sua graça,
nos dê o reino celestial.

Assim nos ouça o Deus Uno e Trino,
Pai, Filho e Espírito Consolador.
Por toda a terra vibram acordes
dum canto novo em seu louvor.