Há muito tempo atrás uma professora do Magistério explicou à turma que o problema em castigar crianças nunca foi o castigo em si, mas a motivação: um castigo “pedagógico”, que ensine alguma coisa à criança, não só é válido como é necessário (desconsiderando o “aprendizado” de castigos dolorosos ou violentos); já descarregar raiva de quem castiga é a pior motivação para um castigo, e geralmente castigos dolorosos ou violentos servem apenas para isto: um adulto descontar sua raiva em uma criança.
Esta ideia se aplica também à esta passagem de Tiago: vemos maldades e pecados correrem livres e soltos diariamente diante dos nossos olhos e se encolerizar diante disto é fácil, muito fácil. É quase necessário, pelo menos do ponto de vista que a indiferença apenas piora.
Mas esta raiva, esta cólera, não resolve, e reagir com raiva diante da maldade serve apenas ao mesmo propósito descarregar a raiva que fundamenta muitas vezes os castigos dados às crianças (embora estas maldade e pecados aos quais me refiro sejam feitas por adultos). Descarregar a raiva serve exclusivamente para isto: descarregar a raiva. Mas há quem descarregue esta raiva em nome de Deus, até porque há quem sinta raiva até do que não deveria ser objeto de raiva. Justa ou não, a raiva de ninguém vai fazer bem algum que seja (se Deus consegue extrair disto um bem, é porque ele é Deus, e não porque este possível bem justifique a raiva e a cólera).
Nem o mais santo entre nós tem permissão para ser o justiceiro de Deus, seja com uma espada, seja com uma caneta em suas mãos.