Fofoquinha

Este é um post para ninguém ler (e quem lê isso aqui mesmo?), é mais minha necessidade de escrever do que qualquer coisa.

Em um episódio dos Simpsons, o Hommer sobe em um poste de rua para arrumar não sei o que (acho que era um problema com o telefone, e acho tb que foi naquele badalado episódio dos Simposns no Brasil, “Blame it on Lisa”, seja lá como é que se escreve). Aí ele enfia a mão dentro de uma caixa de metal e leva um choque. E tenta de novo, e leva outro choque. E tenta mais uma vez e leva mais um choque. E vai assim até cair do poste – se não caísse, ele continuava tentando.

Longe de mim querer explicar o humor, ou estragar piadas, mas o engraçado disso é que não há como ele não levar um choque, mas ele faz isso de novo, como se ignorasse que pudesse levar mais um choque – isso depois de dez choques.

Pois bem. Tenho uma parente, de resto muito querida, que tem a mania de distorcer as coisas que ouve. Já não tem mais como saber se faz isso voluntária ou involuntariamente – talvez nem ela saiba mais distinguir. Isso quer dizer que não se pode confiar no que ela diz das outras pessoas.

Todas as pessoas da família sabem disso. E, no entanto, sempre levam em consideração o que ela diz. Se dependesse das informações que recebo dela, não falaria, e desejaria todo o mal do mundo à todas as pessoas da família. Por isso, ignoro o que ela diz. Não comento, não questiono, não pergunto para os outros se é verdade o que eu ouvi dela. Porque eu sei que a coisa veio distorcida e que não foi bem assim.

Mas aí, de novo, eu banco o trouxa! Na primeira fofoca que surge sobre mim, “mas é verdade que tal coisa e tal coisa?”, “eu sei que ela distorce tudo, mas de algum lugar ela tirou esta história, e queremos saber de onde”.

Eu, que me dou a todo este trabalho, de ouvir e ignorar, de não pedir explicações a ninguém daquilo que ouvi, agora me vejo contra a parede, tendo que dar para os outros as explicações que eu não peço a ninguém. E também eu que passo por errado, por grosso por não querer explicar porra nenhuma.

Decididamente o ser humano não é um animal político, nem é o lobo do homem, nem é bom por natureza. O modelo-padrão de ser humano, tomando por base a minha família (palavra que, para mim, cada vez mais quer dizer apenas um tamanho de pizza), é o Hommer.