“Todo corpo que tem um deserto tem um olho de água por perto; para ouvir basta abrir os poros, para aceitar basta oferecer.”
Eu adoro Marisa Monte pelo fato de que muitas vezes parece que o que ela canta foi inspirado na minha vida – embora isto não seja o único nem o principal motivo pelo qual gosto dela.
Mas nesta música, trata-se com certeza da vida de outra pessoa.
Eu não tenho nenhum olho de água por perto – no máximo, uma graaande e redonda barriga que nunca, eu acho, desparecerá, mesmo que eu decida morrer de fome; e não basta oferecer para aceitar, não na minha vida, onde ninguém aceitou o que eu tinha para oferecer.
Talvez eu esteja errado, afinal de contas: qualquer plantonista da Unimed que eu vou quando tenho algum problema, me diz que eu deveria tomar antidepressivos. Quer dizer, vai ver é só depressão, e não seja verdade que eu seja uma coisa grande, gorda e cheia de pêlos horrível.