Eu vivo reclamando que ninguém me ama e ninguém me quer. Me apaixono, sofro e desapaixono; juro que “nunca mais!” (fico cantanto “a paixão já passou em minha vida, foi até bom mas ao final deu tudo errado, agora carrego em mim…” pelo cantos), e me apaixono de novo. Deve ser karma.
Mas eis que descubro uma admiradora secreta (aliás, sou descoberto por uma). Me achando – tem mulher prá tudo mesmo, veja só: – gostoso. Ótimo: gosto não se discute. Se queria me chamar a atenção, conseguiu, parabéns. SMS vai, SMS vem (era mais romântico quando era por cartas, mas ok), e a menina conseguiu, além de me chamar a atenção, me despertar um certo interesse. O que é um feito, porque apesar de eu apoiar e adorar garotas que tomam a iniciativa (eu devia fazer uma comunidade assim no Orkut – mas eu não tenho Orkut, pensando bem), eu gosto de ver seu rosto ou, pelo menos, saber seu nome. Despertou, então, meu interesse.
Eu, fui levando: elogia daqui, devolve elogio dali, “vc é mto intelig.”, “vc é um gt.”, “posso t fzer perg.?”, “pode sim, gtinho gost.”, etc. Mas, dali a pouco, o interesse, da minha parte, foi aumentando. E eu sugeri que nos encontrássemos, para nos conhecer. “Já nos conhec. Vc já falou cmg.”, “Qdo?”, “se vc ñ lembra…”. Pois é, na minha cabeça, passa-se algo como “e eu vou saber quem é você?!? Falo com muita gente todos os dias, e como eu vou adivinhar que é você?? Eu não tenho bolinha de cristal, baby”, mas no SMS só vai o “Não tenho bolinha de cristal”, sem o “baby”.
Mais SMS vão e vem, e a garota resolve me informar que não se sente à vontade para se expor. Aff…
Puta que o pariu: a garota tem coragem de entrar em contato comigo, transpareceu nas entrelinhas das “msgns” levar uma vida bem legal, ter uma “kbç” legal, fuma (não que fumar seja bem uma qualidade, mas é melhor dois fumantes ativos do que somente um passivo), é divertida, diz que me conhece, e não se sente à vontade para se expor.
EU também não me sinto nem um pouquinho à vontade de me expor: vai que é trote (o que já aconteceu comigo), vai que é uma criança de 10 anos maluca, vai que é sequestro-relâmpago, ou falso sequestro, sei lá quem está por trás do outro celular!!! Mas, mesmo assim, eu deixei bem claro que corria o risco. Eu sei que a criatura tem TODOS os motivos do mundo para temer se expor: um fora, ser ridicularizada, humilhada, estuprada, qualquer coisa assim. Mas, como eu disse para ela, se teme isso de mim, não diga que me conhece e parte prá outra então. Há também a timidez, a vergonha, etc. Mas eu deixei claro: você é bem-vinda. Se não rolasse nada, tudo bem, fizemos uma amizade, bem inusitada, aliás. Mas, não. A criatura continua lá, batendo siririca pensando em mim (pelo que deu a entender, pelo menos) todo santo dia, e eu aqui, fudido sem nobody (estou estudando inglês, viu só?), todo complexado porque nenhuma “ninguém me ama, ninguém me quer”.
Eu entendo bem a posição dela. Mas, então, não mande mensagem. Quando eu sei que não tenho coragem de aparecer para alguém que eu estou a fim, afim (junto, separado, sei lá!), não deixo nem transparecer que estou afim, a fim, enfim… Se eu mando cartinha secreta, faço na perspectiva de que pode ser que eu tenha que aparecer. Enrolo, mas um dia vou (já fiz isso uma vez, ai que vergonha).
Se por um lado eu entendo ela (existem dois sentidos para compaixão: ter dó e “sentir junto”; em relação a ela, me coloco no segundo caso), por outro fico muito bravo: que droga, mas uma vez vai tudo por água abaixo!!
Meu conselho (sim, o texto acabou e nada mais interessante vai vir; este é um adicional supérfluo e desnecessário que você não precisa ler) é: se ficar afim, ou a fim, de alguém, vai lá e fala, ou fica na sua (“eu gosto tanto de você que até prefiro esconder, deixo assim ficar subentendido…”), porque você pode, mesmo sem fazer a outra pessoa sofrer, desgastar um pouco mais o ânimo dela para coisas como amor e paixão. Até o dia em que tal pessoa não dirá “eu desisto!”, mas apenas desistirá, silenciosamente, de querer gostar de alguém.