Era um enorme desfiladeiro. No meio de uma mata qualquer. Devia ficar em um lugar alto, pois, quando olhávamos lá para baixo, somente se via neblina. Ali onde estávamos, porém, não havia neblina: será que estávamos acima da neblina, acima das nuvens? Mas era muito alto. Eu pularia primeiro, você depois. Éramos fortes o suficente para que quem ficasse ali em cima pudesse segurar quem havia se atirado, e para que, quem já houvesse chegado ao chão, segurasse quem pulasse depois. Uma vez vcê já tinha me deixado cair, mas você não sabia que eu pularia, e que o pulo era por sua causa. Agora, este desfiladeiro. Tenho medo, mas tenho disposição para pular primeiro e confiar em você, somente por gostar de você. E eu lhe perguntei: “Você vai pular depois?”. E você não respondeu. Meu maior medo não é de que você não me segure – sei que me exponho a esta possibilidade confiando em você, mesmo que fosse qualquer outra pessoa, estaria me expondo a esta possibilidade, mas somente com você eu me exponho assim. Tenho medo de que você não me segure, mas o meu maior medo é que você não pule também, depois. Talvez seja querer demais. Mas se é demais para você, realmente é melhor darmos meia volta e não ir mais tão longe. “Posso confiar na sua confiança em mim?”