Oz é um seriadinho que passava no SBT há muito tempo, e que, sei lá eu desde quando, voltou a ser exibido.
A história dele não é nada promissora: a vida em uma prisão masculina de segurança máxima.
Lá, os detentos se dividem em diferentes facções: os “chicanos”, os negros, os arianos (nazistas), os muçulmanos, e os italianos (acho que todos mafiosos). Tem também os desgarrados, que não estão em grupo algum, mas se ligam, às vezes, a tal ou tal grupo dependendo de seus interesses. Além dos detentos, os guardas a administração e um grupo que funciona como equipe de apoio (a irmã Peter-marie, o padre que eu não sei o nome, e a drª. Susan Neithan). A história é narrada por um preso cujo nome eu não lembro, mas é um ator negro de quem eu gosto muito porque seu rosto lembra uma amiga minha (mas ela não sabe disso).
Eu lembro que, um pouco antes de iniciar o seriado, o SBT colocava chamadas do tipo “se você tem nervos de aço, assista OZ” ou “se você tem problemas cardíacos, não assista OZ”, coisas assim. E é bem violentinho, com cenas do tipo dois guardas segurando o chefe dos chicanos, na solitária, enquanto um terceiro cortava os tendões de aquiles do preso, porque este havia feito o mesmo naquele guarda em algum momento, e isso impediu o guarda de subir de posto; ou então um preso, um dos desgarrados, muito valentão e seguro de si, que reencontra um cara por quem ele se apaixona (parece que já er apaixonado antes de ser preso) e estupra-o, e o detalhe é você fica no suspense, porque, na rua, ele matava os caras que comia porque ninguém podia saber que ele gostava de homens (mas esse ele não matou, na prisão). Muitos gritos e sangue. Socos, pontapés, presos que estão se recuperando até que vem alguém e mata a mãe ou o irmão do cara e ele se vinga e se perde na recuperação, coisas assim. É bastante tenso o programinha.
O que é mais interessante são as relações que os presos estabelecem. Uma hora, os italianos e os chicanos se unem contra os nazistas e matam um deles, aí vem uma resposta dos nazistas, que matam um dos negros (alguns presos são amigos de todos), aí os negros e os muçulmanos se aliam aos chicanos e italianos e ocorre uma guerra de proporç~es enormes no presídio. Semanas depois, os nazistas se aliam aos chicanos para controlar o tráfico de heroína no presídio, até que um preso põe um grupo contra o outro e fica ele no controle do tráfico, e daqui a pouco os guardas resolvem dar pau em todo mundo porque tá muito baginçado.
Todos eles estão condenados a penas longas, ou estão a tempos esperando marcarem a data da sua execução (que demora a vir porque têm muitos recursos, e os protestos dos ativistas anti-pena de morte), assim, a maioria são velhos conhecidos, gente que um dia quase se matou, e no outro viraram amigos íntimos, depois se afastaram sem maiores problemas, etc.
É, me parece, uma mini-reprodução da sociedade ali: as relações que se estabelecem, as amizades que se formam, as injustiças que acontecem: os nazistas, por exemplo, sempre escolhem alguém para ser a “mulher” do chefe do grupo; às vezes, pegam alguém que já era travesti mesmo, mas sempre são violentos com a criatura; que no mais das vezes são simpáticas. Os presos estabelecem relações também com os funcionários, ou fazem coisas como o líder dos muçulmanos estava tentanto fazer: abrir uma gráfica dentro de OZ, para poder publicar o livro do falecido Augustus Hill (é esse o cara que narra, ele já morreu na série mas ainda é o narrador). As relações ali dentro estão em constante mudança. quem assiste o seriado sabe quem é cachorro e quem é de confiança, mas às vezes se surpreende com o que os personagens fazem.
é legal enfim.