Eu devo estar em um fase de descoberta dos meus preconceitos. Um dos mais recentes é meu preconceito contra a auto-ajuda.
Esse preconceito segue uma cracterística dos preconceitos em geral: eu tenho pouca experiência com literatura de auto-ajuda (tanto que chamo de “literatura” apenas por convenção). – Claro, no que toca ao preconceito em geral, a experiência não acaba necessariamente com o preconceito; mas a falta de experiência ajuda na formação do preconceito, acho yo.
Gosto muito de ler, e recomendo isso para todas as pessoas. Mas também sei que muitas vezes a leitura pode se transformar em deixar que um livro ou um autor pense pela própria pessoa. Se alguém quer outra pessoa pensando por si, tudo bem, seja feliz. Mas eu não gosto disso.
Pessoas cultas, eruditas, sábias, podem muito bem estabelecer esse tipo de relação com os livros: conhecer todo o pensamento de Kant, Sartre, Kafka, Machado de Assis, Clarice Lispector, e não pensar nada próprio. Claro que é difícil estabelecer o que seria um “pensamento próprio”, mas geralmente é fácil perceber quem vive de reproduzir verbalmente o pensamento alheio lido em um livro.
E isso, dentro da minha preconceituosa perspectiva sobre a auto-ajuda, é quase uma regra nesse tipo de leitura.
“Auto-ajuda”, para começar, deveria ser um movimento iniciado pela própria pessoa. Se a ajuda vem de um livro, não é “auto”, mas – sei lá qual é o prefixo – externa. Quero dizer, é um engano que começa pelo nome do gênero literário.
Depois, uma pessoa que escreve um livro desses conhece (eu espero) a própria vida, sua própria maneira de lidar com as coisas, e tem (também espero) uma sensibilidade grande para detectar comportamentos nocivos nas pessoas. Por isso, quem escreve, escreve pensando em situações gerais, ou em soluções gerais.
A maioria das pessoas têm problemas financeiros, amorosos, de relacionamento, de emprego (entre outros), e cada esfera problemática dessas tem linhas gerais características. Além disso, existem também determinadas soluções gerais que são recomendáveis, como pensar a favor da resolução dos problemas, agir também de maneira favorável à resolução, reflexão, coisas asim.
Mas uma pessoa, por mais sensível que seja, não tem um domínio absoluto sobre situações originais nas vidas das pessoas. E, mesmo que tivesse, diferentes pessoas possuem diferentes posturas e diferentes facilidades e dificuldades nesse ou naquele tipo de atitude, de ação. O que me interessaria quem teria mexido no meu queijo se o meu problema é que não mexem nele, por exemplo?
A vida das pessoas, suponho eu, assume configurações muito pouco previsíveis, muitas vezes, e os problemas que se apresentam podem não seguir as linhas gerais da condição humana em geral (nossa, que frase profunda).
Seria mais auto-ajuda livros que fornecessem princípios de ação, ou seja, livros que possibilitassem as pessoas a se auto-ajudarem, e não que ajudem eles próprios as pessoas. Claro que, muitas vezes, as pessoas estão muito perdidas e precisam de um norte, de um conselho objetivo e direto. Mas a auto-ajuda é composta apenas e tão-somente disso, e não de princípios de auto-ajuda.
Eu não consigo esclarecer muito bem o que eu quero dizer com princípios de auto-ajuda, mas é algo, acho, semelhante a ensinar a pescar ao invés de dar o peixe. E “ensinar”, nesse caso, algo diferente de doutrinar, adestrar, que é a maneira como geralmente se dá o ensino e a educação em geral. Mas vai mais além de ensinar a pescar, e sim se trata de proporcionar às pessoas condições de resolverem seus problemas.
Em breve: novos preconceitos.
Esse preconceito segue uma cracterística dos preconceitos em geral: eu tenho pouca experiência com literatura de auto-ajuda (tanto que chamo de “literatura” apenas por convenção). – Claro, no que toca ao preconceito em geral, a experiência não acaba necessariamente com o preconceito; mas a falta de experiência ajuda na formação do preconceito, acho yo.
Gosto muito de ler, e recomendo isso para todas as pessoas. Mas também sei que muitas vezes a leitura pode se transformar em deixar que um livro ou um autor pense pela própria pessoa. Se alguém quer outra pessoa pensando por si, tudo bem, seja feliz. Mas eu não gosto disso.
Pessoas cultas, eruditas, sábias, podem muito bem estabelecer esse tipo de relação com os livros: conhecer todo o pensamento de Kant, Sartre, Kafka, Machado de Assis, Clarice Lispector, e não pensar nada próprio. Claro que é difícil estabelecer o que seria um “pensamento próprio”, mas geralmente é fácil perceber quem vive de reproduzir verbalmente o pensamento alheio lido em um livro.
E isso, dentro da minha preconceituosa perspectiva sobre a auto-ajuda, é quase uma regra nesse tipo de leitura.
“Auto-ajuda”, para começar, deveria ser um movimento iniciado pela própria pessoa. Se a ajuda vem de um livro, não é “auto”, mas – sei lá qual é o prefixo – externa. Quero dizer, é um engano que começa pelo nome do gênero literário.
Depois, uma pessoa que escreve um livro desses conhece (eu espero) a própria vida, sua própria maneira de lidar com as coisas, e tem (também espero) uma sensibilidade grande para detectar comportamentos nocivos nas pessoas. Por isso, quem escreve, escreve pensando em situações gerais, ou em soluções gerais.
A maioria das pessoas têm problemas financeiros, amorosos, de relacionamento, de emprego (entre outros), e cada esfera problemática dessas tem linhas gerais características. Além disso, existem também determinadas soluções gerais que são recomendáveis, como pensar a favor da resolução dos problemas, agir também de maneira favorável à resolução, reflexão, coisas asim.
Mas uma pessoa, por mais sensível que seja, não tem um domínio absoluto sobre situações originais nas vidas das pessoas. E, mesmo que tivesse, diferentes pessoas possuem diferentes posturas e diferentes facilidades e dificuldades nesse ou naquele tipo de atitude, de ação. O que me interessaria quem teria mexido no meu queijo se o meu problema é que não mexem nele, por exemplo?
A vida das pessoas, suponho eu, assume configurações muito pouco previsíveis, muitas vezes, e os problemas que se apresentam podem não seguir as linhas gerais da condição humana em geral (nossa, que frase profunda).
Seria mais auto-ajuda livros que fornecessem princípios de ação, ou seja, livros que possibilitassem as pessoas a se auto-ajudarem, e não que ajudem eles próprios as pessoas. Claro que, muitas vezes, as pessoas estão muito perdidas e precisam de um norte, de um conselho objetivo e direto. Mas a auto-ajuda é composta apenas e tão-somente disso, e não de princípios de auto-ajuda.
Eu não consigo esclarecer muito bem o que eu quero dizer com princípios de auto-ajuda, mas é algo, acho, semelhante a ensinar a pescar ao invés de dar o peixe. E “ensinar”, nesse caso, algo diferente de doutrinar, adestrar, que é a maneira como geralmente se dá o ensino e a educação em geral. Mas vai mais além de ensinar a pescar, e sim se trata de proporcionar às pessoas condições de resolverem seus problemas.
Em breve: novos preconceitos.
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