Você quer escrever uma comunicação para apresentar em um congresso de filosofia. Aí você escolhe dois autores: Gilles Deleuze (em parceria com Felix Guattari) e Monique Wittig. Mas você só encontra um texto dela traduzido em português (O Pensamento Hetero), apenas um, nada mais. Sorte a sua que outra autora, Judith Butler, escreveu um texto sobre Monique Wittig. Mas, nesse texto, ela fala também de Simone de Beauvoir e Michel Foucault. Você gosta de Beauvoir e Foucault. Mas quer escrever sobre Wittig.
Aí vem a luz: o assunto que você queria em Wittig também é o assunto de Judith Butler, e é até um pouco mais interessante, porque de todas estas pessoas citadas, somente Judith está viva ainda. Mas… decepção: somente existe um texto de Butler traduzido em português. Um. Chamado Variações sobre Sexo e Gênero – Beauvoir, Wittig, Foucault.
Aí você tem somente um pequeno artigo de Wittig disponível, somente um de Butler, e não tem dinheiro para fazer um curso de inglês. O que você faz?
Você faz “grrrr” e se vira para explicar na sua comunicação que vai apresentar um texto em que uma parte é sobre um texto de Butler que fala de um texto de Wittig que fala de um livro de Beauvoir – e depois, ainda, vai relacionar isso com um texto de Deleuze e Guatarri.
“Grrrrrrrrr!!!!!” é o que resta a dizer.