Hipóteses

Duas hipóteses sobre a minha vida

Hipótese A): uma vez, há muitos anos, estive a ponto de me matar. Nos últimos momentos, porém, algo foi mais forte do que toda a dor e sofrimento e blá blá blá do momento: a curiosidade. Eu já havia me dado como morto. Desistido de tudo. Não é que eu sentisse desejo de morrer, nem tampouco repugnância pela vida. Simplesmente eu iria descansar. Mas a única coisa que me passava pela cabeça era: e o que vem depois? Não era uma pergunta espiritual: não era sobre a vida depois da morte. Eu tinha curiosidade em saber como seria a minha vida dali por diante – ou como ela poderia ser. E como se resolveriam situações do meu entorno, das pessoas que eu conhecia. Não morri por pura curiosidade. Mas decidi, naquele dia, que eu já havia morrido, e só me manteria vivo se as coisas continuassem minimamente interessantes. A hipótese em si: talvez eu já tenha morrido mesmo, e por isso eu as pessoas com quem eu convivo me causem mais sofrimento do que alegria. Como se eu já tivesse passado da data de validade: ninguém dispensa maiores cuidados com a comida estragada.

Hipótese B): no próximo post: as minhas costas doem demais no momento.