No início deste ano, ou no final do ano passado, eu tive uma discussão (no sentido de debate) com alguém do twitter. Aparentemente era um jornalista e no fim ele me bloqueou – mas já estou fazendo terapia para me recuperar disto.
Mais interessante foi a discussão. Resumidamente, eu disse que a oposição (DEM, PSDB, etc) iria continuar se ferrando enquanto se pautasse contra (o PT, no caso, mas poderia ser contra qualquer outra coisa) e continuasse sem defender nada mais positivo e propositivo. Devemos ter conversado outras coisas mas o cara ficou magoado porque descobriu que eu era um esquerdista. Eu não me considero um esquerdista, mas de qualquer modo ele me bloqueou por isto (durante a conversa, ele deve ter pensando que eu era outra coisa). Quando eu disse a mesma coisa para outra pessoa no mesmo twitter, ela simplesmente disse que não concordava e pronto, mais sensatez e menos drama.
Mas o que eu quis dizer, que é o que eu penso, é que a oposição, especialmente pelo que leio nos jornais sobre as declarações de DEM e PSDB, é que eles cumprem apenas um requisito desta condição de oposição: serem contra o governo. O PT, enquanto fez isso, continuou sem conseguir a presidência. Depois de algum tempo começou o OP, a defender tais ou quais bandeiras, até que, por defender algo (e não por defender “não-algo”, ou ser contra algo) tomou o poder.
Por um lado, me satisfaz que a oposição ainda não tenha entendido isso, porque dos males, o PT. Mas mesmo que eu simpatize, desde 1994, com o PT, ainda assim me preocupa muito o fato de o PT governar praticamente sem oposição.
Claro, tem uma tosca oposição, para dizer que não concorda com meia dúzia de coisas, para eventualmente fazer algum dossiê, para acusar destemperadamente o governo, reclamar do tamanho do estado, a lista é enorme. Mas não tem uma oposição bem feita, de qualidade, que sirva para contrabalançar e afinar o governo (estou pensando no 8 anos de Lula e não considerando o pouco tempo de Dilma, mas até agora tem sido igual), o que eu considero muito ruim, mesmo eu tendo votado no Lula todas as vezes em que ele se candidatou e na Dilma no segundo turno em 2010.
Claro que o PT praticamente não precisa de oposição porque com tantas correntes qualquer uma que assuma o poder vai sofrer pressão de alguma outra. Mas uma oposição de dentro do partido não é a mesma coisa que uma oposição externa. E sempre é saudável que haja uma oposição consistente e bem-feita.
Falta, eu acho, eles terem um projeto, que não seja a luta pelo mínimo de R$ 600,00 ou qualquer outra coisa pontual, localizada, mesmo que seja algo de extrema importância. Porque é como se alguém tentasse se eleger sob a bandeira da luta contra a caça de baleias no Pacífico: é importante, aliás muito importante, mas a maioria não vai votar em alguém que combata a caça de baleias no Pacífico porque você não precisa de um mandato para defender as baleias, assim como não precisa de um para defender um mínimo de R$ 600,00. Eu defendo um mínimo de R$ 2000,00 e nem minha mãe me leva a sério.
Egositicamente falando, eu saio ganhando de qualquer jeito: enquanto a oposição continuar assim, meramente esperneando, tudo bem, porque foram anos esperando o PT governar e eles não conseguem estragar isso; e se a oposição ganhar consistência, tudo bem também porque eu sou favorável a existência de oposições.
Mas, sinceramente falando, tomara que um dia aprendam a se opor.