Em cima do muro ou em uma zona de fronteira?

Aborto é um pecado, independente de ser crime ou não. Por outro lado, as condições de carência (material, psicológica, espiritual, etc.) também são pecados, portanto o pecado das mulheres que abortam é consequência de pecados cometidos contra elas por outras pessoas – quase sempre homens.

O fato de elas serem vítimas não justifica que elas façam outras vítimas, mas expõe a brutalidade de quem recorre ao terrorismo psicologico em defesa da vida quando o correto deveria ser direcionar as palavras e as ações pró-vida para manter e divulgar meios de proporcionar condições para as mulheres terem, parirem e criarem seus filhos: o aborto é uma solução mais fácil e preguiçosa em comparação a levar adiante uma gravidez; mas combater ferozmente a descriminalização do aborto é igualmente uma solução fácil e preguiçosa em comparação a comprometer-se e empenhar-se pela vida dos fetos, dos recém-nascidos, das mães e das mulheres que não são mães mas também são tão violentadas quanto os inocentes massacrados antes de nascer.

Eu, que no passado já ajudei uma amiga a tentar abortar, me posiciono contra o aborto e por motivos religiosos, os mesmos motivos que me impedem de apoiar as campanhas contra a descriminalização do aborto.

Se os defensores da descriminalização estão pecando e os defensores da criminalização também estão, “…tu, porém…”, eu, neste caso, “… quem és, para julgares o teu próximo?” (Tg 4, 12), mas se estão pecando, eu também, que em toda esta batalha pela vida, tenho apenas esta postagem nas minhas mãos.