Um detalhe que sempre me intrigou ao longo dos quatro evangelhos é que depois da maioria dos milagres Cristo recomenda que eles não sejam divulgados, como no evangelho de hoje (Mc 5, 21-43).
E eu ficava divagando “mas porquê?”, “será que os que não ouviram esta recomendação pecaram?”, “e como faz com a parte que diz que é pra divulgar o bem que Deus fez?”, entre outras divagações deste tipo (aliás, não é à toa que o nome deste blog é Divagar Divagarinho).
Agora tenho uma ideia sobre qual pode ser o motivo. Queria que pegassem o meu salário proporcionalmente ao tanto de ideias que eu tenho, aliás.
Sobre os milagres, acho que Cristo não quer que as pessoas misturem as coisas: ele não é um milagreiro e não veio para salvar o mundo através da prestidigitação nem com efeitos especiais. Tendo feito milagres, os fez como sinais quando surgiu uma oportunidade de agregar ao sinal um benefício prático concreto a alguém.
Isto me faz desconfiar muito de qualquer milagreiro por aí. Não que eu duvide dos milagres que eles fazem. Mas desconfio da integridade do milagreiro quando ele precisa propagar os seus milagres, oferencendo-os como prova de que merece fé.
Isto, esta fé fundamentada em provas, descaracteriza a própria fé (pois ela não é um teorema, nem uma função científica, nem um caso jurídico para amparar-se em provas), e até mesmo desvia dela, porque Jesus Cristo veio para nos preceder na ressurreição – depois de ter nos precedido na Cruz.