O perdão tem benefícios psicológicos muito grandes, e talvez o mais óbvio deles seja se libertar do ressentimento que mantém quem nos ofendeu tão próximo do nosso coração quanto quem amamos. Sem contar a nobreza do ato, que sendo uma virtude, contribui para fortalecer o caráter e, por isto, contribuir para com o desenvolvimento coletivo.
Nada disto faz o perdão uma atitude fácil, mas seus benefícios compensam de longe as dificuldades. Aliás, é tão difícil que Pedro achou melhor perguntar para Cristo quantas vezes deveria perdoar alguém, pois até mesmo naquele tempo deveria ter gente insuportável. É uma equação difícil entre a capacidade ilimitada de nos ofenderem e a paciência limitada que possuímos, e Pedro precisava saber, digamos assim, o resultado: talvez sete? Cristo oferece outro: setenta vezes sete.
Mas a parábola a seguir, da disparidade entre o homem que devia muito, teve sua enorme dívida perdoada e depois não foi capaz de perdoar a dívida irrisória que outro tinha com ele. O final da história foi trágico.
A parábola mostra mais do que as contas de Cristo e de Pedro quais são os limites do perdão: Deus. Deus é ilimitado, e sua capacidade de perdoar talvez não tenha limites, ou talvez até tenha, mas ainda assim seria um limite muito maior do que o nosso. Mais do que os benefícios psicológicos e a correção das atitudes, o perdão é um dom de Deus, tanto quando nos perdoa, quanto quando nos dá a capacidade de perdoar, não sete ou setenta vezes sete, mas até o limite em que o próprio Deus pode perdoar.