Santa Mônica é famosa não apenas por ser a mãe de Santo Agostinho, mas por ter lutado incansavelmente pela conversão do filho. Embora falasse, tentasse convencê-lo e até brigasse com ele – quando ele se converteu ao maniqueísmo – sua luta consistiu, basicamente, na oração. Afinal quem nos converte é Deus.
Ela poderia ser apresentada como uma espécie de apoio sobre o qual Agostinho pôde encontrar a Deus, como se ela fosse um altar – e não estaria longe disto, basta ver seus sacrifícios maternos.
Mas ela está mais para uma gigante, pois não foi uma escadaria inerte sobre a qual Agostinho percorreu o caminho para o céu, mas sim um guindaste sempre preso a ele sem limitar seus movimentos, pronto a guindá-lo até as alturas, onde ela já se encontrava, quando ele estivesse preparado.
Seu filho deixou obras incríveis, sua teologia marca o pensamento da Igreja até hoje, e suas ideias em geral também não perderam por completo a validade, a ponto de ter sido declarado doutro da Igreja. Enquanto isto, ela não deixou nenhuma obra escrita, nenhuma marca teológica, sem genialidades nenhumas para habitarem as prateleiras das bibliotecas.
É verdade que o tempo em que ela viveu provavelmente não permitiria que ela avançasse sobre o conhecimento monopolízado pelos homens, mas não se sabe também se isto era do interesse dela.
O que sabemos é que os fundamentos de toda a sabedoria e inteligência de Santo Agostinho estão na sabedoria e na inteligência de sua mãe, que podemos ver refletidas na obra do filho, que precisou apenas desenvolver – magistralmente, é verdade – aquilo que, no fim das contas, recebeu de Santa Mônica.